Por Najla Passos
Pesquisas preliminares realizadas pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) sobre o perfil dos parlamentares eleitos no último domingo apontam que o Congresso Nacional que passará a legislar em 2015 é o mais conservador desde a redemocratização do país, no final da década de 1980. “São sérios os riscos de retrocessos em relação aos direitos civis e à legislação trabalhista”, alerta o diretor de Documentação do órgão, Antônio Augusto Queiroz.
De acordo com ele, esse conservadorismo está expresso, por exemplo, no vigor da chamada “Bancada da Segurança”, formada por mais de 30 policiais, militares e apresentadores de programas populares. “Embora pequena numericamente, essa bancada chega ao Congresso com sangue nos olhos para discutir temas que afrontam os direitos sociais, como, por exemplo, a redução da maioridade penal. E, além disso, têm grande acesso à mídia”, afirma.
Outra que reforça o perfil conservador do parlamento é a “Bancada Evangélica”. Conforme Queiroz, o levantamento preliminar do Diap captou 52 pastores, bispos e cantores de música gospel eleitos para a Câmara Federal, contra 70 em 2010. Mas o órgão ainda vai refinar a pesquisa para avaliar a religião dos eleitos sem grane projeção nacional. “São 38 reeleitos e 14 novos, mas entre eles estão nomes de grande projeção entre esse setor, que defendem posições regressivas em relação ao aborto e à homofobia, por exemplo”, analisa o diretor.
A maior preocupação do órgão, de qualquer forma, é com a envergadura da “Bancada Empresarial” que, pelos levantamentos preliminares, já soma 190 deputados, sendo 30 novatos e 160 reeleitos. Em 2010, eles eram 246, mas a “Bancada Sindical”, que lhes fazia contraponto, também era mais robusta, com 83 cadeiras. Agora, os representantes dos trabalhadores caíram para apenas 46. Um baque que, segundo o analista, poderá ser verificado em discussões como, por exemplo, a das terceirizações.
“Nos últimos 12 anos, os empresários não afrontaram os governos do PT porque tinham expectativa de conseguirem alguns benefícios fiscais, como as desonerações que de fato tiveram. Mas agora o isso acabou. O governo não terá mais o que negociar e eles irão investir com tudo para reduzir o que ainda não conseguiram: o custo do trabalho”, avalia Queiroz. Para ele, é grande o risco do parlamento aprovar pautas como a terceirização da mão-de-obra ou uma reforma tributária que penalize os trabalhadores. O Diap ainda não finalizou os estudos sobre o perfil da nova “Bancada Ruralista.
Fonte: Carta Maior
Foto: Divulgação