Da Redação,em Bombinhas/SC.–
As discussões do 8º Congresso do Sindprevs/SC iniciaram, na manhã dessa quinta-feira, 29 de maio, com a Análise de Conjuntura Nacional e Internacional.
O primeiro convidado a falar sobre o tema foi Luiz Fernando Rodrigues, diretor do Sindsprev/RJ e representante da Central Sindical CSP/Conlutas. Segundo Fernando, para compreender a atual situação brasileira e latinoamericana, é necessário refletir sobre a crise do capital, instalada a partir de 2008. “Para entendermos o Brasil e a América Latina na atualidade precisamos entender o marco que foi a crise do capital, partida dos EUA para o mundo. Grande parte da riqueza produzida no mundo está empregada no capitalismo financeiro para gerar mais lucro e concentrar mais riquezas. E o capitalismo faz com que os trabalhadores paguem por uma crise que não foi gerada por eles”, enfatiza.
De acordo com Fernando, a crise refletiu no Brasil e promoveu as manifestações de junho. “O Brasil vive uma situação em que o processo inflacionário tende a crescer, em medida que não há investimento na economia, com empregos mal pagos e precarizados. Junho foi a manifestação dessas contradições encontradas aqui no Brasil. Os trabalhadores querem lutar, mas não acreditam mais nas organizações políticas”, afirma.
Segunda palestrante da manhã, Cleuza Maria Faustino, diretora da Fenasps, falou sobre a importância de discutir esse tema para preparar a classe trabalhadora para seus grandes desafios. “Passamos por um momento muito difícil, em que a presidenta Dilma trabalha na perspectiva de retirada de direitos dos trabalhadores, já iniciada com a reforma da previdência de 2003, ainda no governo Lula”.
Cleuza falou também sobre a política do desempenho no serviço público federal que retira direitos dos aposentados. “O governo, que quando era oposição dizia que a política de gratificação era ruim para a categoria, agora atua no sentindo de mantê-las. Há quantos anos a gente não vê a CUT chamar mobilizações para pressionar pela ampliação de direitos? Isso interfere na unidade da classe trabalhadora para a garantia de conquistas”, reforça.
José Campos Ferreira, diretor do Sindsprevs/RS, recuperou as últimas décadas e a compreensão da burguesia nacional diante da realidade brasileira. Campos apontou também as contradições do atual governo. “A ideia de bem-estar social está sendo esfarelada e no Brasil ela nunca foi real. Que educação é essa que damos as crianças com professores recebendo um salário mínimo? Tudo que os países europeus garantiram para os trabalhadores está se desmontando e aqui nem consigamos construir. Na sociedade em que a gente vive, crescer não é viver bem e educar os filhos, o que interessa é crescimento do PIB, que nada mais é que o crescimento do capital. Quem tem dinheiro, terá mais dinheiro. Em junho, as pessoas demonstraram essa insatisfação e exigiram, nas ruas, o estado de bem-estar social”.
José Rubens Decares (Rubão), do Sinsprev/SP falou da exacerbação do sistema capitalista e suas formas de se renovar através diminuição de direitos. “O sistema capitalista vem criando recessão e desemprego em todo o mundo. Uma minoria concentra as grandes fortunas, sendo cada vez mais beneficiada, explorando e acabando com os direitos dos trabalhadores. Na Europa e nos EUA, milhões têm saído às ruas para garantir seus direitos”.
Rubão lembrou a expectativa vivida em 2002 com a eleição de Lula e a sequência de atos contra a classe trabalhadora em seu governo. “Em 2002, a esquerda brasileira conseguiu eleger um candidato que se dizia representante dos trabalhadores, mas logo em seguida, ele fez aliança com a direita, cooptou os sindicalistas, iniciou a compra de votos de parlamentares e aprovou em 2003 a reforma da previdência. Esse governo criou a produtividade, gerando por parte das chefias o assédio moral, que leva os trabalhadores ao esgotamento das suas forças físicas e mentais. Os aposentados não têm sequer condições de continuar na Geap, por conta dos aumentos abusivos que foram praticados. Tudo graças a política implementada no governo Lula, que não se alterou no Governo Dilma”, finaliza.
Rita de Cássia Pinto, do Sinsprev/SP, falou sobre a criminalização dos movimentos sociais e o clima de repressão em que as entidades que organizam a luta têm sofrido. “Vivemos um processo de criminalização dos movimentos sociais porque existe um descontentamento geral que leva as pessoas às ruas. Isso se dá por conta do recrudescimento dos direitos da classe trabalhadora”.
Rita também destaca que esse governo se molda ao capital e tenta criar um ambiente de desarticulação da luta dos trabalhadores. “O governo se molda ao capital, indicando, por exemplo, uma próxima reforma da previdência. No SUS a nossa situação é dramática. Não foi votado em nenhum lugar, mas o SUS, de uma rede de política pública de saúde universal se transformou numa rede de entrega de recursos para a iniciativa privada”, afirma.
“É preciso discutir a reorganização da classe trabalhadora, mas reorganizando os locais de trabalho, retomando a iniciativa dos trabalhadores, para que também a gente recupere a autonomia do trabalhador, para que ele participe da luta, da organização e das decisões, pois a representação causa distorções da organização das categorias”, finaliza Rita.
Em continuidade ao debate, a mesa abriu para os congressistas se manifestarem. Logo após, os palestrantes fizeram suas considerações finais, encerrando a manhã de discussões do 8º Congresso.
Todos os palestrantes destacaram a necessidade da organização da classe trabalhadora para enfrentar as dificuldades que enfrentam os trabalhadores brasileiros para garantir vitórias. O tema reorganização da classe trabalhadora é também pauta de discussão do 8º Congresso do Sindprevs/SC
Pautas do Congresso
Na manhã dessa quinta-feira, dando continuidade aos trabalhos abertos na noite de ontem, foi aprovado por unanimidade o regimento interno do 8º Congresso do Sindprevs/SC. Na sequência, também foi aprovado o regimento eleitoral que norteará as eleições do sindicato, que acontecem em agosto.
Os congressistas também puderem assistir a apresentação do vídeo da última paralisação realizada pela categoria, no dia 15 de maio.
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Iniciou o 8º Congresso Estadual do Sindprevs/SC em Bombinhas, Santa Catarina
Iniciou nesta quarta-feira, dia 29 de maio, o 8º Congresso Estadual do Sindprevs/SC, em Bombinhas, Santa Catarina.
O Congresso do Sindprevs/SC debaterá os rumos da entidade, além de aprovar o plano de lutas para o próximos períodos.
“Este Congresso significará um momento de avanço e desafios na luta do Sindicato”, disse o Coordenador do Sindprevs/SC, Valmir Braz de Souza. Ele destacou a participação dos novos servidores e disse que as gerações precisam se unir: “os que construíram a história até aqui e os que estão chegando para se somar à luta”. “Nós estaremos sempre fortes se estivermos sempre juntos”.
Cleuza Maria Faustino, Diretora Fenasps, disse que os desafios da classe trabalhadora hoje são enormes. “O momento atual exige bastante unidade para conquistar direitos como a paridade entre ativos e aposentados, a Carreira e a valorização dos trabalhadores. Vivenciamos um ano de grandes decisões e desafios. Espero que nestes dias vocês possam estar se armando para estes desafios”.
“Assistir ao vídeo dos 25 anos do Sindprevs/SC, passado aqui nesta abertura, é não só rever a história do Sindprevs/SC, mas também a história da Fenasps”, disse José Campos Ferreira, Diretor da Fenasps. “Este Congresso é muito importante não só para o Sindprevs/SC, mas também é importante para a luta e a organização dos servidores em Santa Catarina, em um momento em que a juventude e os trabalhadores estão nas ruas do País lutando”, disse.
Telesmagno Neves Teles, representante da Anvisa, deu as boas vindas a todos e disse que têm respeito pela luta e história do Sindprevs/SC. Disse que questões como direitos e questões remuneratórias acabam ficando centralizadas no Ministério do Planejamento e Gestão em Brasília e os gestores sofrem por terem pouco poder de decisão nas negociações com os trabalhadores que têm em uma luta legítima. “Sambemos que os direitos dos servidores são muitas vezes retirados”, disse.
Mário Kopos, representante do Ministério da Saúde, também saudou a todos os presentes e disse entender a importância da realização desse grande Congresso que irá definir os rumos para os próximos três anos da entidade.
A Associação Coral Hospital Florianópolis também fez uma apresentação de boas vindas aos participantes do 8º Congresso.
Como forma de democratizar e ampliar o acesso às informações, todos os debates do 8º Congresso Estadual do Sindprevs/SC serão transmitidos ao vivo desde Bombinhas/SC pelo Portal Desacato no site www.desacato.info.
Confiram abaixo programação do 8º Congresso Estadual do Sindprevs/SC e fiquem conectados com a gente!
Bom Congresso a todos!
Programação:
28/05, quarta-feira
14h – Hospedagem e credenciamento
16h – Café de boas vindas
19h – Cerimônia de abertura
20h30min – Aprovação do regimento interno e eleição da Comissão Eleitoral
21h – Jantar
29/05, quinta-feira
9h – Palestra – Análise de Conjuntura Nacional e Internacional
10h – Debate
11h30min – Abertura do processo de inscrição das chapas que vão concorrer às eleições do Sindprevs/SC
12h – Almoço
13h30min – Vídeo “Antes do Inverno”
14hs – Palestra – Reorganização da Classe Trabalhadora
16h – Café
16h45min – Debate
17h30min – Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright
19h30min – Jantar
30/05, sexta-feira
9h – Palestra – Dívida Pública Brasileira e suas consequências os trabalhadores
10h – Debate
12h – Almoço
14h – Palestra – Plano de lutas dos servidores do INSS, MS e Anvisa
15h – Debate
16h – Café com recreação
19h – Encerramento do prazo para inscrição das chapas que participarão das eleições do Sindprevs/SC
19h30min – Jantar
31/05, sábado
Das 9hs às 11h – Trabalhos de Grupo
12h – Almoço
15h – Plenária Final
18h – Apresentação das chapas que participarão das eleições do Sindprevs/SC
21h – Janta