Parlamentares da Oposição se revezaram no Plenário da Câmara dos Deputados na segunda-feira (28) pedindo a demissão imediata do presidente da Petrobras, Pedro Parente. Responsável pela atual política de preços da empresa, adotada em 2016, após o golpe contra Dilma Rousseff, Parente, dizem os deputados, representa o mercado, gerando lucros apenas para os investidores da Petrobras, em detrimento do povo brasileiro.
Por Christiane Peres.
“A medida concreta que poderia sinalizar um novo caminho para o Brasil enfrentar a explosão do preço dos combustíveis, seja o diesel, seja o etanol, seja a gasolina, seja o gás de cozinha, é a demissão do sr. Pedro Parente, aquele mesmo que, na era Fernando Henrique Cardoso, foi o ministro que comandou o apagão e que agora pode produzir o apagão nos combustíveis, situação que já tem repercutido no desabastecimento e na infelicidade que atingem tantos lares do Brasil”, afirmou.
Desde que foi adotada pelo governo Temer, a nova regra, que permite reajuste diários nos valores dos combustíveis, alterou 230 vezes os preços nas refinarias, quase três vezes por semana. Isso resultou em aumentos de mais de 50% na gasolina e diesel, enquanto os preços do gás de cozinha tiveram 60% de reajuste.
Vice-líder da Minoria na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) defende que Parente que não tem “cabeça” para dirigir a maior empresa brasileira. “Nós nunca vivemos um período com tantos aumentos. Com essa política do gás de cozinha, 1,2 milhão de famílias voltaram a cozinhar em fogão a lenha, com álcool e carvão, gerando um aumento do número de queimados no país. É um grave problema para a saúde pública brasileira. Acabaram com o subsídio do gás de cozinha, que era cruzado, tirava de quem tinha dinheiro, para subsidiar aqueles que vivem em áreas populares. E a gasolina está aumentando porque nós temos importação permanente dos derivados do óleo cru. É essa a política que está desgraçando a economia brasileira”, afirmou.
A deputada lembrou que hoje, o país exporta óleo cru e importa os seus derivados, “dolarizados, articulados e dependentes do preço internacional”. “É óbvio que o impacto disso no Brasil, na ponta, é absurdo”, destacou.
Com a política adotada, a exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes. A importação de diesel, por exemplo, cresceu 80% desde 2015. O diesel importado dos EUA, que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 superou 80% do total importado pelo Brasil. Com isso, ganham os produtores norte-americanos, os “traders” multinacionais, os importadores e distribuidores de capital privado no Brasil, enquanto os consumidores brasileiros, a Petrobras, a União e os estados sofrem com os impactos da política.
“É essa política de desinvestimento que aniquila a possibilidade de o Brasil ter um parque produtivo de combustíveis para atender ao interesse nacional e proteger a nossa população. A política de Pedro Parente é a política que subordina a economia brasileira de petróleo e gás aos interesses internacionais e expõe a economia brasileira às influências da volatilidade do petróleo e do câmbio”, critica o deputado Orlando Silva.
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) reitera a defesa dos correligionários. Para ela, é necessária “a imediata queda de Parente, um traidor da Pátria e do povo brasileiro”, para que haja mudança radical da política de preços da Petrobras.