Previsto para estrear em novembro, o documentário Pisar suavemente na terra “tem na ancestralidade dos amazônidas a resposta para a produção de um novo futuro”, aponta seu autor, o professor e pesquisador Marcos Colón. Se em seu trabalho anterior ele havia contado em detalhes uma história de exploração econômica no meio da floresta amazônica, agora a ideia é discutir, do ponto de vista indígena, saídas para a crise imposta à Amazônia, “o caos capitalista em que nos encontramos”. Dessa forma, ele propõe ouvir os “sobreviventes” dessa guerra.
Com duração de 72 minutos, o longa se passa em quatro atos: “Anúncio”, “Guerra”, “Morte” e “Horizontes”. Aborda o ataque aos povos da região como “um caminho para o fim do mundo”, as engrenagens de destruição da vida, “as escolhas que fizemos como sociedade” e, por fim, as visões ancestrais.
Foi um trabalho longo, com dificuldades adicionais causadas pela pandemia de covid-19. Apenas o processo de produção do documentário levou 18 meses, com filmagens no Brasil (Santarém, Marabá e Tabatinga), no Peru e na Colômbia. O roteiro é de Colón e Bruno Malheiro, geógrafo e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). A trilha original é de Diego Faria.
O filme, que conta ainda com narração da radialista Mara Régia, teve título inspirado em palavras de Ailton Krenak, um dos entrevistados: “O futuro é ancestral e a humanidade precisa aprender com ele a pisar suavemente na terra”. Além dele, são ouvidos o líder indígena Kukama José Manyama, da Amazônia peruana, o cacique Emmanuel, do povo Munduruku, no oeste do Pará, e Katia Silene, dos Akrãntikatêgê, de Marabá. Emergem temas como contaminação de rios, expansão do cultivo da soja e mineração.