Por Lucia Helena Issa.
Não, caros colegas jornalistas, Volodimyr Zelensky não é um herói e jamais o será. É apenas um assassino sionista e neonazista financiado pelos EUA.
Governantes ucranianos de extrema-direita que têm liderado o país desde 2014 alimentaram, sim, os grupos neonazistas como o Batalhão Azov e o Pravy Sektor e os transformaram na Guarda Nacional Ucraniana de hoje.
Há cerca de três anos, em outubro de 2018, poucos meses antes da eleição de Zelensky, eu estava em Moscou, como jornalista e embaixadora da paz, conhecendo e reportando, com imensa tristeza, os abrigos para centenas de meninas russas-ucranianas, de 13 a 18 anos obrigadas a se refugiar na capital russa para não morrerem e para tentarem recomeçar a vida após terem seus corpos e sonhos dilacerados por estupros em série, cometidos por milicianos neonazistas do Pravy Sektor e do Batalhão Azov.
Provavelmente, muitas leitoras que me acompanham nesse espaço, não tiveram a chance de sentir compaixão ou empatia pelas mais de 800 meninas russas estupradas na região do Donbass e pelas mais de 15 mil pessoas de etnia russa assassinadas na Ucrânia desde 2014, desde o Golpe de Estado financiado pelos EUA, um Golpe que guarda muitas semelhanças com o Golpe de 2016 no Brasil contra Dilma Roussef.
Como ativista pela paz e jornalista, tenho lutado contra todas as mais de 70 guerras provocadas pelos EUA nos últimos 100 anos no mundo e posso afirmar que o que vi e ouvi nesses centros de acolhimento de Moscou das meninas russas, estupradas, mutiladas, que tiveram seus corpos transformados em territórios de guerra por milicianos neonazistas, dilacerou meu coração e ficará tatuado em minha alma para sempre.
Homens apoiados e armados tanto por Petro Poroshenko quanto pelo comediante e sionista simpatizante do neonazismo ucraniano, Volodimyr Zelensky, têm invadido e atacado de maneira sistemática e assustadora há mais de oito anos as províncias de Lugansk e Donetsk, portando metralhadoras automáticas ultramodernas, bombas e jeeps financiados pelos EUA, têm vandalizando igrejas russas, estuprado meninas espalhado terror por onde passam.
A língua russa foi proibida oficialmente nessas cidades de maioria russa, os livros didáticos escolares foram reescritos para que neonazistas como Stepan Bandera, morto em 1959, sejam apresentados como heróis nacionais e a bandeira neonazista vermelha e preta inspirada na bandeira do Exército Insurreto Ucraniano (UPA em ucraniano), o braço armado dos nazistas na região durante a II Guerra Mundial, tremula há oito anos em milhares de casas e escolas da Ucrânia. Stepan Bandera foi um dos maiores nazistas do país e o líder da Organização dos Nacionalistas Ucranianos, alguém cujo nome hoje é apresentado como o de um “ patriota” que inspira milhares de milicianos neonazistas.
Sim, durante a II Guerra, a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) mantinha estreita relação com os nazistas liderados por Hitler, alimentava o ódio às minorias da região e assassinava quem discordasse desse sentimento. Aproveitando-se dessa afinidade, os nazistas criaram, em 1939, uma unidade de operações terroristas de 600 membros do leste europeu, composta pelos ucranianos nazistas da OUN e com a missão de tramar uma insurgência e limpar a Ucrânia de pessoas “ impuras”, ou seja, pessoas de esquerda, deficientes, ciganos e poloneses judeus.
Logo depois da invasão da Polônia por Hitler, os grupos de milicianos ucranianos se tornaram literalmente os policiais do nazismo na região. Foram todos promovidos por Hitler e enviados para vigiar instalações nazistas na Polônia até que, na primavera de 1940, o chamado Plano Diretor para Insurgência foi executado por eles para lançar uma insurgência armada contra os soviéticos e a favor dos nazistas na região. Toda a operação foi liderada por Stepan Bandera.
Os ucranianos, naquele momento, entregaram para os alemães e para a morte dezenas de milhares de pessoas pertencentes às minorias. Pessoas de esquerda, judeus, ciganos e todos os que lutassem contra os nazistas de alguma forma tiveram seus nomes e endereços expostos. Pelos menos 20 mil pessoas morreram naquele momento.
O ódio alimentado nesses grupos era tão letal que eles também começaram um processo de autofagia, de autodestruição, e em 1941 o OUN se dividiu em dois. Os líderes mais radicais seguiram Bandera para formar o OUN-B, enquanto membros um pouco mais moderados seguiram Andriy Melnyk e passaram a ser conhecidos como OUN-M. Em maio desse mesmo ano, o OUN-B desenvolveu um novo plano de insurgência que tinha como objetivo matar ou “neutralizar”, nas palavras usadas por Stepan Bandera, milhares de pessoas de etnia russa, além de judeus e ciganos, e alimentar o ódio da população civil contra eles, afirmando que eram os apoiadores dos soviéticos dentro da Ucrânia, ou seja, colocá-los como “ traidores” por lutarem contra o nazismo. Batalhões extremamente violentos foram formados dentro do OUN-B com o objetivo de seguir o avanço das marchas nazistas, as Wehrmacht, e matar o maior número de homens, mulheres e crianças. Bandera chegou a ser preso no dia 5 de julho de 1941 pelos nazistas e colocado no Bunker de Zellenbau, mas foi libertado dois anos depois pelos alemães ao descobrirem que estavam diante de um admirador ucraniano de Hitler, alguém que poderia ser muito mais útil como colaborador nazista do que como um prisioneiro. Bandera tornou-se colaboracionista e viveu com centenas de ucranianos sob a proteção e o dinheiro dos nazistas durante mais de uma década.
O nazista ucraniano e seus colegas alemães compartilhavam o mesmo ódio pelas minorias, pelas mulheres socialistas e a noção de que todos os judeus ucranianos eram “os partidários mais leais do regime bolchevique e a vanguarda do imperialismo na Ucrânia”, segundo vários manifestos escritos por eles. Quando os nazistas invadiram Lvov, os milicianos de Bandera conseguiram matar mais de quatro mil pessoas em poucos dias usando armas que iam de canhões doados pelos nazistas a barras de metal. O líder nazista ucraniano não viveria muito e cairia morto no dia 15 de outubro, ao entrar em seu prédio, na Alemanha, na rua Kreittmayr, em Munique, por envenenamento.
Mesmo não tendo vivido muito, Stepan Bandera deixou um legado de ódio, xenofobia, racismo e antissemitismo (hoje muito mais voltados contra os refugiados árabes e negros do que contra a comunidade judaica da Ucrânia que ocupa vários espaços de poder, inclusive a o cargo mais alto do país, através de seu filho Zelensky, o comediante judeu de extrema-direita e franco apoiador de neonazistas).
Mas a mídia hegemônica brasileira escolheu esconder de seus telespectadores a história de Stepan Bandera e os 15 mil corpos assassinados ou violentados pelos grupos neonazistas ucranianos desde 2014.
Pergunto-me todos os dias as razões que levam a mídia corporativa a omitir que o sionista comediante surfou na onda de racismo, misoginia, xenofobia, homofobia e ódio aos refugiados que tem varrido a Europa e o mundo nos últimos anos, alçando ao poder boçais perigosos como Jair Bolsonaro, Donald Trump, o presidente da Hungria e partidos fascistas como a Lega Nord e o Movimento 5 estrelas na Itália.
Perguntei-me todos os dias onde estão a compaixão e a empatia pelas mulheres e meninas mortas na Ucrania por milicianos neonazistas que agora se tornaram parte do Exército oficial do país. Pergunto-me todos os dias onde estão as reportagens ou a comoção pelos ucranianos mortos em Odessa no massacre liderado pelos neonazistas do Pravy Sektor e outros grupos, que incendiaram o prédio onde ficavam os sindicatos de Odessa, queimando vivas 42 pessoas e deixando mais de 200 feridas. Pergunto-me por que esses jornalistas não se pronunciaram sobre o fato de os Estados Unidos nem sequer condenarem o ataque liderado por neonazistas ucranianos.
Pergunto-me todos os dias onde estava Jorge Pontual e outros comentaristas vergonhosos quando centenas de meninas russas eram estupradas pelos neonazistas em Luganski e Donetski. Pergunto-me todos os dias onde estava Jorge Pontual quando Zelensky , em 2020 e em 2021, promoveu centenas de ataques à região, assassinando centenas de crianças de etnia russa, como o menininho Vladik Shikov, de apenas 5 anos.
Pergunto-me onde estava o imoral Jorge Pontual quando Petro Poroshenko e seu sucessor Zelensky começaram a desrespeitar todos os Acordos de Minski, firmados em 2015 para tentar promover a paz e impedir as milhares de mortes e os estupros cometidos pelos grupos neonazistas que transformaram os corpos de mulheres e meninas em territórios de guerra.
Pergunto-me onde estavam esses jornalistas brasileiros quando uma lei ucraniana que previa a derrubada de símbolos comunistas e nazistas no país foi violentada pelos governantes para que símbolos soviéticos fossem destruídos e símbolos nazistas fossem mantidos de pé e até restaurados.
Perguntei-me todos os dias, ao ouvir colegas brasileiros claramente enaltecendo os EUA e Israel em seus comentários vergonhosos, se eles têm noção de que o Iraque está infinitamente pior e mais violento hoje do que em 2003, quando os EUA alegaram que iriam invadir o país para “ liberdade” ao berço da civilização humana e das maiores descobertas médicas e tecnológicas do mundo medieval. Pergunto-me o que eles sentiram ao saber que todas as justificativas falsas para a invasão do Iraque foram desmentidas por milhares de observadores internacionais e pela ONU, depois que mais de 500 mil iraquianos, entre eles milhares de crianças, já haviam sido mortos pelos EUA
Pergunto-me todos os dias se jornalistas brasileiros como Pontual sabem que a Guerra do Iraque, promovida pelo país mais invasor e sanguinário do mundo, os EUA, pavimentou o caminho para a formação de grupos extremistas como o ISIS, fortaleceu a Al Qaeda, e que esses grupos utilizaram o próprio território iraquiano destruído e fragmentado para se desenvolverem e matarem e estuprarem milhares de mulheres e crianças, elevando o número de mortos a mais de um milhão e fazendo do Iraque e da Síria um imenso cemitério corpos, sonhos e esperanças.
Ao ouvir, em maio de 2021, centenas de jornalistas americanos e brasileiros apoiando os bombardeios e assassinatos de civis cometidos por Israel na Palestina, pergunto-me onde está a humanidade dessas pessoas ou a compaixão, palavra que vem do latim “ sofrer com”, a capacidade de sentir a dor do outro, essa empatia que eu esperei por anos dos jornalistas brasileiros em relação às mais de um milhão e 800 mil vítimas no Afeganistão, Iraque, Síria e Líbia, mas que jamais chegou.
Pergunto-me todos os dias onde está a ética ou a empatia desses jornalistas ao apoiarem o Apartheid de Israel e omitirem que há mais de 70 anos, cinco milhões de refugiados palestinos, que tiveram suas vidas, seus sonhos e futuro destruídos em 1948, buscam a paz e a dignidade poderem voltar á sua terra, de pertencer á Palestina, de voltar às suas cidades de origem, mas são proibidos por Israel, um país criminoso que desrespeita há décadas as leis internacionais nesse sentido, como a Resolução 194 da ONU.
Pergunto-me todos os dias onde está a humanidade de jornalistas brasileiros que defendem o indefensável e enaltecem uma potência militar ocidental que já matou mais de 80 milhões de vidas nos últimos 100 anos e apoiou todos os Golpes de Estado que destruíram a América Latina por décadas.
Pergunto-me onde estava a comoção dessas pessoas por uma menina iraquiana estuprada por dezenas de soldados norte-americanos, ou pelas mulheres palestinas estupradas por soldados israelenses que seguiram a recomendação de rabino extremista, ou até mesmo pelas dezenas de igrejas cristãs que estão sendo queimadas e profanadas por grupos de extremistas judeus como o Jovens da Colina e o Lehava.
Há mais de 10 anos, eu tento ajudar e dar voz às refugiadas palestinas em campos de refugiados no Oriente Médio e no Brasil com projetos humanitários que envolvem as refugiadas congolesas.
Cada vida humana importa! Vidas humanas árabes, negras e latinas importam. Mas por conveniências financeiras ou por desumanidade, centenas de jornalistas brasileiros e norte-americano parecem acreditar que a vida de uma criança árabe, morta aos 8 anos em um bombardeio a Bagdá, ou a vida de uma criança negra morta de fome no Brasil vale menos do que a de uma criança de Kiev ou de Nova York.
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