Em sul21.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) informou que o Conselho da Unidade da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Consuni/Fabico) decidiu, em reunião realizada na terça-feira (17), constituir uma comissão para investigar as denúncias de racismo feitas pela professora Glaucia Aparecida Vaz. A medida foi tomada após a universidade ser acusada de demorar para tomar medidas sobre o caso.
Em entrevista ao G1, a professora da Fabico relatou que, em julho, ouviu de um aluno que “não sabia qual era o lugar dela”. O estudante teria fica alterado ao questionar o enunciado de uma questão de um trabalho.
A comissão, a ser formada por dois docentes e um aluno, terá a responsabilidade de instaurar um processo disciplinar discente, realizar o inquérito e tomar uma decisão. Como definido no regimento da UFRGS, a comissão terá 30 dias, prorrogáveis para mais 30, para concluir os trabalhos.
Também na terça, estudantes, professores e servidores técnicos da universidade, além de parlamentares, participaram de um ato no pátio da Fabico para repudiar o ato de racismo e manifestar apoio à professora Gláucia. A manifestação foi organizada pelo Diretório Acadêmico da Comunicação (DACOM) e do Centro Acadêmico de Biblioteconomia, Arquivo e Museologia da Fabico (CABAM), contando com a participação de entidades representativas de professores e servidores.
Durante o ato, a professora comentou sobre a importância da ajuda dos alunos para o enfrentamento da situação e a omissão da administração da universidade perante o caso. “Os meus alunos foram fundamentais para que eu estivesse aqui hoje. Para que eu estivesse viva! Eu acho que é isso que a UFRGS e a Fabico precisam entender. Nesses últimos dias, para mim, foi muito difícil, reviver tudo o que ocorreu nesse semestre. O mínimo que eu esperava era que essa violência parasse em mim, mas acabou que ela foi levada e afetou os meus alunos também. Mas esse ato é a demonstração de força dos meus alunos que estão fazendo parte de uma educação antirracista. A falta dessa educação antirracista, nós vimos refletida em uma pessoa e acabou se estendendo e demonstrando outras pessoas que também se omitiram nessa situação”, disse.
Na ocasião, a ASSUFRGS Sindicato também pontuou que o aluno acusado de racismo só foi afastado das aulas da professora após a convocação do ato de repúdio.
Em nota divulgada na segunda-feira (16), a direção da Fabico se defendeu da acusação de não ter tomado providências mais rápidas sobre o caso. “A Direção da FABICO – Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação vem a público se manifestar em relação a suposta ‘inércia’ nas providências relacionadas à conduta de racismo ocorrida na Unidade, que vem sendo disseminada nas redes sociais, repudiando veementemente qualquer ato de cunho racista, bem como qualquer tipo de preconceito. Com relação ao ocorrido, a Direção tomou conhecimento dos fatos no dia 23 de agosto de 2023, após encaminhamento do processo pelo Departamento de Ciências da Informação – DCI. Nesta mesma data, a Direção encaminhou o processo à Corregedoria, instância responsável pela análise de todos os processos desta natureza dentro da UFRGS. Havendo juízo de admissibilidade, a Corregedoria encaminha à unidade para abertura ou não de um Processo Disciplinar”, diz a nota.
A direção pontua ainda que cobrou da Corregedoria o andamento do processo e que obteve como retorno de que um parecer técnico estava em elaboração, argumentando ainda que os trâmites para os procedimentos precisam ser respeitados para dar “lisura” ao processo disciplinar. “Na data de hoje, 16 de outubro de 2023, o processo foi recebido pela Direção com o parecer favorável à abertura de um processo disciplinar discente. A constituição da comissão responsável pela instauração, inquérito e julgamento do processo foi incluída na pauta da reunião do CONSUNI – Conselho da Unidade, que será realizada na data de 17 de outubro de 2023. A Direção se coloca à disposição de todos os envolvidos para esclarecimento dos fatos”, finaliza a nota.
Tenho um amigo que foi preso no aeroporto CDG, com 42.000 micropontos de lsd. A justiça francesa, o julgou na mesma noite de domingo. Por que este país segue no sendero da justiça lenta para garantir a impunidade? Racismo é nojento. Tanto quanto ou mais que a eterna passação de pano para os brancos racistas. Esta demora não tem explicação, o responsável pela demora deve ser exonerado, pelo bem do serviço público.