Ministra usou aeronave da PRF conveniada ao Samu em agenda oficial, mas caso ficou mal explicado
Por Danilo Duarte.
Foi aberto nesta segunda-feira (11), o processo de investigação sobre a suspeita de uso irregular do helicóptero da Polícia Rodoviária Federal contra a a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O procedimento será comandado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República e a política catarinense tem 10 dias para prestar esclarecimentos.
As denúncias foram feitas pelo jornal Correio Braziliense, no início de outubro. Segundo a reportagem, a aeronave estava equipada para prestar assistência médica e resgatar vítimas de acidentes nas rodovias catarinenses, mas foi desviada de suas finalidades para transportar Ideli em cinco oportunidades entre 2012 e 2013.
Em nota, a assessoria de comunicação de Ideli limitou-se a dizer que “a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos junto à Comissão de Ética Pública da Presidência República”.
Além disso, uma nota conjunta, assinada por Ideli e pelo Ministério da Justiça, comandado pelo também petista José Eduardo Cardozo, foi encaminhada à imprensa. O texto afirma que “nos dias em que houve a utilização do helicóptero não ocorreu nenhum acidente que justificasse a requisição da aeronave para prestação de socorro”.
O posicionamento conjunto ainda explica que “em Santa Catarina, há outras aeronaves que prestam serviços aeromédicos. O referido helicóptero não é conveniado ao Samu desde agosto de 2012, não é de uso restrito para resgate aeromédico e nem de utilização exclusiva no estado de Santa Catarina.
Na semana passada, o Ministério Público Federal divulgou dados parciais da investigação que faz sobre o caso. Segundo a assessoria do MPF, durante os três dias em que a ministra da Secretaria de Relações Institucionais utilizou a aeronave, ocorreram 52 acidentes nas estradas de Santa Catarina, com 73 feridos e dois mortos.
Os dados que chegaram ao MPF de Santa Catarina são da própria Polícia Rodoviária Federal e fazem parte do Relatório Operacional Diário (ROD). Em 25 de janeiro deste ano, por exemplo, foram registrados 40 acidentes com 21 feridos. Naquele dia, uma sexta-feira, a maca foi retirada do helicóptero porque a ministra precisava utilizar o Bell 407. Ela se deslocou até a cidade de Laguna, no Sul do Estado, para acompanhar a assinatura de uma ordem de serviço e verificar trabalhos de transposição do Túnel do Morro do Formigão, que faz parte das obras de duplicação da BR-101.
De Laguna, a ministra seguiu até Timbé do Sul, onde participou do anúncio de publicação do edital de licitação de obras de pavimentação. Durante todo o dia, o Bell 407 ficou impedido de participar de operações de salvamento.
Fonte: Tudo sobre Floripa.
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil / Divulgação