A Comissão Estadual da Verdade realizará duas audiências públicas em Blumenau, na quarta (27) e na quinta-feira (28), às 19 horas, no auditório da Furb. Segundo o presidente da Comissão, Naldi Otávio Teixeira, a iniciativa das audiências é da Furb. “Foi a única universidade que se interessou”, revelou, acrescentando que a comissão fez contato com a Udesc e a UFSC, sendo que a última agendou reunião para o dia 2 de dezembro.
Descanso do guerreiro
De acordo com a integrante da Comissão da Verdade, Derlei Catarina De Luca, que foi militante da AP, Blumenau e Joinville eram cidades popularmente conhecidas como locais de “descanso dos guerreiros”, uma vez que eram utilizadas para transformar estudantes em operários. “Eles estavam proibidos de se manifestar politicamente, não podiam chamar a repressão para lá, tinha muito militante”, informou, acrescentando que cerca de 50 membros da AP foram presos nas regiões do Vale do Itajaí e Norte do estado.
Segundo Derlei, a Ação Popular tinha uma política interna de deslocamento de quadros. “Todos os militantes originários da classe média tinham de trabalhar na fábrica e no campo, para saber o que era ser operário. O pessoal do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e São Paulo que eram conhecidos por lá, vinham trabalhar em Blumenau e Joinville para conseguir registro na carteira de trabalho. Os empresários não sabiam, mas eles trabalhavam seis meses, um ano e depois seguiam para o ABC, o objetivo final da AP”, relatou.
Desagravo
O presidente da Comissão estadual da Verdade também anunciou a realização, em março de 2014, de uma sessão de desagravo no auditório do Instituto Federal de Educação, no centro de Florianópolis, para homenagear o ex-professor da Escola Técnica, Marcos Cardoso, que foi julgado pelo regime no auditório da instituição, com a presença dos alunos. “Para servir de exemplo”, explicou Derlei.