Por Vítor Santos.
A coordenação da Comissão Estadual da Verdade (CEV) entregou na noite desta quarta-feira (26) aos representantes dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo o Relatório Final, encerrando assim 18 meses de atividades. “Resgatamos uma parte da história do estado e esclarecemos a morte do ex-prefeito de Balneário Camboriú, Higino Pio, único morto pela repressão em solo catarinense”, destacou Anselmo da Silva Livramento Machado, representante da OAB/SC e coordenador da Comissão Estadual da Verdade.
Higino Pio foi assassinado em 3 de março de 1969, no “camarote do capelão” da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina, na avenida Max Schramm, no bairro Estreito, em Florianópolis. “Temos um gigantesco passivo no campo dos direitos humanos, se perguntar às pessoas vão dizer que em Santa Catarina não teve ditadura, que não teve tortura ou mortos”, argumentou Angela Albino, que representou o Executivo na cerimônia.
A secretária de Assistência Social, Trabalho e Habitação lembrou a dificuldade para denominar a estrada que liga Penha a Piçarras de “rodovia Paulo Stuart Wright” e cobrou do Legislativo o paradeiro do memorial do ex-deputado e líder da Ação Popular (AP) em Santa Catarina. “O silêncio não nos basta mais”, declarou Angela.
O desembargador Ricardo Roesler, que representou o Tribunal de Justiça, enalteceu o trabalho dos membros da CEV e comparou a tarefa da comissão com o dia-a-dia dos magistrados. “Na busca da verdade o juiz também trabalha com fatos, mas às vezes a verdade real não é atingida”, comparou Roesler, que garantiu que o Judiciário analisará “com cuidado o relatório”.
Dirceu Dresch (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa, elogiou o esforço dos integrantes da comissão e defendeu que as histórias reveladas pela CEV precisam ser conhecidas pelos catarinenses. Dresch pediu ao governo do estado a impressão de 5 mil exemplares do Relatório Final para distribuir nas escolas.
Revisão da Anistia
Ivete Caribe, integrante da Comissão da Verdade do Paraná, defendeu a revisão da Lei da Anistia, promulgada há 36 anos. “A revisão da anistia é a principal conclusão da Comissão Nacional da Verdade. Aparentemente a anistia daria um perdão aos militares, mas o texto não fala em anistiar torturadores e não é possível perdoar quem até hoje esconde corpos”, avaliou Caribe.
A repressão em Santa Catarina
Segundo apurou a CEV, em Santa Cataria foram realizadas mais de 700 prisões, que resultaram no assassinato de sete catarinenses, três desaparecidos e quatro mulheres barbaramente torturadas.
Os assassinados
Arno Preis, de Forquilhinha, advogado, assassinado em Tocantins, militante do Molipo
Frederico Eduardo Mayr, de Timbó, universitário, assassinado em São Paulo, do Molipo
Hamilton Fernando Cunha, de Florianópolis, gráfico, assassinado em São Paulo, militante da VPR
Higino João Pio, de Itapema, prefeito de Balneário Camboriú, assassinado em Florianópolis, do Partido Social Democrático (PSD)
Luiz Eurico Tejeda Lisboa, de Porto União, estudante, assassinado em São Paulo, militante da ALN
Rui Osvaldo Pfutzenreuter, de Orleans, jornalista, assassinado em São Paulo, do movimento Posadista
Wânio José de Mattos, de Piratuba, capitão da Polícia Militar, morto no Chile, da VPR
Os desaparecidos
Divo Fernandes d’Oliveira, marinheiro, de Tubarão, desaparecido no Rio de Janeiro, militante do PCB
João Batista Rita, universitário, de Criciúma, desaparecido no Rio de Janeiro, militante do 3MGM
Paulo Stuart Wright, deputado, de Herval do Oeste, desaparecido em São Paulo, era dirigente da Ação Popular (AP)
As torturadas
Clair de Flora Martins, militante da AP
Derlei Catarina De Luca, da AP
Marlene de Souza Soccas, do PCB
Terezinha Moliterno Nunes Garcia
Militares catarinenses que sofreram repressão
Nery Clito Vieira, coronel da Polícia Militar, de Chapecó. Foi preso e cassado, pertencia ao PCB
Wânio José Fernandes, tenente da Polícia Militar, preso em 1964, posteriormente cassado, banido e assassinado no Chile, de Piratuba, militante da VPR
Alfred Darcy Addsion, tenente da cavalaria, preso e cassado, de São Francisco do Sul, sindicalista
Augusto Luis de Brito, oficial da Marinha Brasileira, preso e cassado
Ari Lorenzetti, da Marinha Mercante
César Brumm, oficial da marinha, expulso em 1964
Sacerdotes catarinenses presos
Antonio Alberto Soligo, de Caçador. Integrado na produção com os metalúrgicos, no ABC, foi preso em 1969 e bastante seviciado em São Paulo, militava na AP
Osni Carlos Rosenbrock, vigário de Tubarão, preso em 1964 por ajudar na organização do Sindicato Rural
Paulo Martinechen Neto, vigário de Joaçaba, preso em 1964
A coordenação da Comissão Estadual da Verdade (CEV) entregou na noite desta quarta-feira (26) aos representantes dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo o Relatório Final, encerrando assim 18 meses de atividades. “Resgatamos uma parte da história do estado e esclarecemos a morte do ex-prefeito de Balneário Camboriú, Higino Pio, único morto pela repressão em solo catarinense”, destacou Anselmo da Silva Livramento Machado, representante da OAB/SC e coordenador da Comissão Estadual da Verdade.
Higino Pio foi assassinado em 3 de março de 1969, no “camarote do capelão” da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina, na avenida Max Schramm, no bairro Estreito, em Florianópolis. “Temos um gigantesco passivo no campo dos direitos humanos, se perguntar às pessoas vão dizer que em Santa Catarina não teve ditadura, que não teve tortura ou mortos”, argumentou Angela Albino, que representou o Executivo na cerimônia.
A secretária de Assistência Social, Trabalho e Habitação lembrou a dificuldade para denominar a estrada que liga Penha a Piçarras de “rodovia Paulo Stuart Wright” e cobrou do Legislativo o paradeiro do memorial do ex-deputado e líder da Ação Popular (AP) em Santa Catarina. “O silêncio não nos basta mais”, declarou Angela.
O desembargador Ricardo Roesler, que representou o Tribunal de Justiça, enalteceu o trabalho dos membros da CEV e comparou a tarefa da comissão com o dia-a-dia dos magistrados. “Na busca da verdade o juiz também trabalha com fatos, mas às vezes a verdade real não é atingida”, comparou Roesler, que garantiu que o Judiciário analisará “com cuidado o relatório”.
Dirceu Dresch (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa, elogiou o esforço dos integrantes da comissão e defendeu que as histórias reveladas pela CEV precisam ser conhecidas pelos catarinenses. Dresch pediu ao governo do estado a impressão de 5 mil exemplares do Relatório Final para distribuir nas escolas.
Revisão da Anistia
Ivete Caribe, integrante da Comissão da Verdade do Paraná, defendeu a revisão da Lei da Anistia, promulgada há 36 anos. “A revisão da anistia é a principal conclusão da Comissão Nacional da Verdade. Aparentemente a anistia daria um perdão aos militares, mas o texto não fala em anistiar torturadores e não é possível perdoar quem até hoje esconde corpos”, avaliou Caribe.
A repressão em Santa Catarina
Segundo apurou a CEV, em Santa Cataria foram realizadas mais de 700 prisões, que resultaram no assassinato de sete catarinenses, três desaparecidos e quatro mulheres barbaramente torturadas.
Os assassinados
Arno Preis, de Forquilhinha, advogado, assassinado em Tocantins, militante do Molipo
Frederico Eduardo Mayr, de Timbó, universitário, assassinado em São Paulo, do Molipo
Hamilton Fernando Cunha, de Florianópolis, gráfico, assassinado em São Paulo, militante da VPR
Higino João Pio, de Itapema, prefeito de Balneário Camboriú, assassinado em Florianópolis, do Partido Social Democrático (PSD)
Luiz Eurico Tejeda Lisboa, de Porto União, estudante, assassinado em São Paulo, militante da ALN
Rui Osvaldo Pfutzenreuter, de Orleans, jornalista, assassinado em São Paulo, do movimento Posadista
Wânio José de Mattos, de Piratuba, capitão da Polícia Militar, morto no Chile, da VPR
Os desaparecidos
Divo Fernandes d’Oliveira, marinheiro, de Tubarão, desaparecido no Rio de Janeiro, militante do PCB
João Batista Rita, universitário, de Criciúma, desaparecido no Rio de Janeiro, militante do 3MGM
Paulo Stuart Wright, deputado, de Herval do Oeste, desaparecido em São Paulo, era dirigente da Ação Popular (AP)
As torturadas
Clair de Flora Martins, militante da AP
Derlei Catarina De Luca, da AP
Marlene de Souza Soccas, do PCB
Terezinha Moliterno Nunes Garcia
Militares catarinenses que sofreram repressão
Nery Clito Vieira, coronel da Polícia Militar, de Chapecó. Foi preso e cassado, pertencia ao PCB
Wânio José Fernandes, tenente da Polícia Militar, preso em 1964, posteriormente cassado, banido e assassinado no Chile, de Piratuba, militante da VPR
Alfred Darcy Addsion, tenente da cavalaria, preso e cassado, de São Francisco do Sul, sindicalista
Augusto Luis de Brito, oficial da Marinha Brasileira, preso e cassado
Ari Lorenzetti, da Marinha Mercante
César Brumm, oficial da marinha, expulso em 1964
Sacerdotes catarinenses presos
Antonio Alberto Soligo, de Caçador. Integrado na produção com os metalúrgicos, no ABC, foi preso em 1969 e bastante seviciado em São Paulo, militava na AP
Osni Carlos Rosenbrock, vigário de Tubarão, preso em 1964 por ajudar na organização do Sindicato Rural
Paulo Martinechen Neto, vigário de Joaçaba, preso em 1964