Por Nara Lacerda.
Três turistas italianos foram confirmados como os primeiros casos de coronavírus em Cuba. São duas mulheres, de 57 e 60 anos, e um homem de 61 anos. Eles desembarcaram na ilha no dia 9 de março, com sintomas leves de problemas respiratórios e chegaram a ir para um hotel na cidade de Trinidad, província de Sancti Spíritus.
De acordo com nota divulgada pelo governo cubano, os três pacientes foram levados no dia seguinte para o Instituto de Medicina Tropical Pedro Kourí, na capital Havana, onde passaram por testes que confirmaram a doença em menos de 24 horas. Ainda segundo o texto, nenhum deles está em estado grave.
O diretor nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde Pública de Cuba, Francisco Durán, informou à publicação local Buenos Días que os novos casos têm toda a atenção do governo cubano.
“Os turistas chegaram ao Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, sem sintomas, foram para Sancti Spíritus e, durante o transporte, o operador turístico, o motorista e o proprietário do albergue onde ficaram relataram os casos à clínica autorizada da cidade. Foi realizada uma análise epidemiológica, porque eles vieram precisamente da Lombardia, que foi uma das regiões mais afetadas da Itália.”
Segundo Duran, a identificação dos casos só foi possível por causa da vigilância rígida.
“Essa é uma doença nova e é essencial ressaltar que apenas uma pessoa apresentava sintomas muito leves. Se você não tivesse o conhecimento epidemiológico de onde eles vieram e o quadro clínico da doença, eles poderiam passar despercebidos como um resfriado comum, então você precisa estar alerta (…). A desinfecção de todas as superfícies com cloro já começou, bem como a vigilância de pessoas que tiveram contato com as pessoas afetadas desde a sua chegada ao país”, explicou.
Isolamento
Foram isoladas todas as pessoas que tiveram contato direto com os italianos. Até agora nenhuma delas apresenta sintomas, mas o isolamento será mantido pelos próximos dias, para que eventuais sintomas sejam monitorados. Mesmo que voltem para suas casas, essas pessoas continuarão recebendo assistência de epidemiologistas e de equipes da área básica de saúde, procedimento que faz parte da estratégia cubana para o tratamento de casos suspeitos.
Além de um rígido controle no acesso de pessoas que vêm de outros países e entre trabalhadores de portos, aeroportos e outras áreas que costumam ter contato com estrangeiros, o governo cubano colocou em curso uma intensa agenda educativa para prevenção de contaminações.
Diariamente a população têm acesso a informações sobre higiene pessoal, limpeza de ambientes e hábitos sociais que devem ser colocados em prática para evitar a propagação da doença.
Medicamento cubano
O país caribenho é responsável ainda pelo desenvolvimento de um medicamento antiviral que vem se mostrando eficaz no tratamento dos sintomas respiratórios da doença. O Interferón alfa 2B (IFNrec), um dos principais produtos biotecnológicos do país caribenho, vem sendo produzido na China desde janeiro.
O IFNrec também está disponível em Cuba e é uma das armas para o combate aos problemas respiratórios mais graves causados pelo coronavírus.
Em declarações recentes à televisão cubana, o consultor científico e comercial da BioCubaFarma, Luis Herrera Martínez, afirmou que a escolha do Interferon se deve à eficácia já demonstrada contra vírus com características semelhantes ao coronavírus
“Seu uso impede que os pacientes com a possibilidade de agravamento cheguem a esse estágio” O médico completa que “o produto tem exatamente a mesma tecnologia usada em Cuba e que atende aos padrões de qualidade aprovados pelas autoridades reguladoras dos dois países”.
O BioCubaFarma também pesquisa o desenvolvimento de uma possível vacina, a exemplo de institutos e laboratórios de outras regiões de mundo. No entanto, não há ainda nenhuma previsão de quanto tempo as pesquisas podem demorar.
Edição: Rodrigo Chagas.