Com procuração outorgada por Israel e Estados Unidos, a Arábia Saudita destrói o Iêmen

_iemen1_0Por Gilberto Abrão.

O Iêmen é um país localizado no extremo sul da Península Arábica e é um dos mais empobrecidos dos países árabes. Mas é um país de história briosa. Quando toda a península aRÁBICA ainda era habitada por tribos nômades, ali já existia o reino de Sabá, da Rainha Balqis, o reino dos Humairitas e outros mais.

Quando ainda a Península Arábica vivia no obscurantismo pré-islâmico, tribo lutando contra tribo por um olho d’água, ou por uma jovem raptada ou ainda quando se enterrava recém-nascidas por se temer a desonra, o Iêmen já tinha suas cidades bem construídas, com adiantadas infraestruturas, com alfabeto e leis estabelecidas e um sistema governamental organizado.

Na verdade, o Iêmen é o útero onde foram geradas a língua e a civilização árabes.  Mesmo na era moderna, o árabe falado – até mesmo pela população iletrada – nas ruas de Sanaá, a capital, está mais próximo do árabe clássico corânico do que em qualquer outro país árabe. Portanto, o Iêmen é infinitamente mais nobre do que a Arábia Saudita. Tem mais berço, mais altivez e é mais árabe!

Mas o Iêmen está empobrecido. Tem poucos recursos naturais. A maioria do povo vive muito próxima da linha da miserabilidade. Então, por que a Arábia Saudita está bombardeando o país?

Olhem bem o mapa e vejam onde está localizado o Iêmen. Entre o Iêmen e o Djibuti  e a Eritréia está o estreito de Bab al-Mandeb, que dá passagem do Oceano Indico, através do golfo de Áden, para o mar vermelho. Por ali passam todos os navios que trazem e levam mercadorias do comércio entre Israel e todos os países asiáticos. O porto de Eilat, a entrada de Israel para o Oriente, fica lá em cima no Mar Vermelho. Estão percebendo a importância geopolítica do estreito do Bab al-Mandeb?

Então a CIA e o Mossad articularam um plano. Por que não explorar o ódio que os wahabitas têm contra os xiitas? Quem conhece um pouco o islamismo sabe que a seita wahabita, predominante na Arábia Saudita, considera hereges os xiitas, e até os sunitas que não seguem as doutrinas deles. Como hereges, devem morrer para expiar os pecados. Daí os assassinatos e as degolações em massa que ocorrem na Síria e no Iraque.  Mas essa é outra questão.  Falando da população iemenita, aproximadamente 40 por cento é xiita do ramo zaidita e 60 por cento são sunitas da escola shafie. Há uma minoria judaica e cristã.

Junte-se o ódio wahabita e o ciúmes da Arábia Saudita pela crescente influência do Irã (xiita) em alguns países árabes, inclusive o Iêmen, Israel e Estados Unidos têm, então, os componentes exatos para fazer com que a Arábia Saudita bombardeie o Iêmen. A ideia é evitar que o Irã domine o estreito do Bab el Mandeb fechando a entrada e saída de mercadorias de e para Israel. Portanto, como sempre , a ideia é proteger Israel.

A Arábia Saudita recebeu luz verde dos americanos. Com a desculpa de “restaurar a ordem e a legitimidade constitucional” recolocando o presidente corrupto, deposto e fugitivo, Abd Rabbo Mansur Hadi, iniciou-se a destruição do Iêmen. Dezenas de modernos F-16 têm atacado diariamente áreas residenciais, escolas, hospitais, estradas, aeroportos, mesquitas, até shoppings. Enfim, toda a infraestrutura vital do Iêmen está sendo destruída.

E não há como ajudar o Iêmen, por enquanto. A Arábia Saudita impôs um cerco aéreo e marítimo sobre o país atacado. Recentemente um avião iraniano carregado de alimentos e remédios foi impedido de pousar no Iêmen. Diante da insistência do piloto, os F-16 sauditas bombardearam as pistas do aeroporto para evitar que ele pousasse.

Mas apesar desses ataques cruéis e indiscriminados, o legítimo exército iemenita e as forças populares têm avançado sobre o seu território, recuperando áreas antes dominadas pela Al-Qaeda (a mãe do Estado Islâmico) e os partidários do presidente fujão. Os iemenitas já atacaram forças militares sauditas postadas na fronteira matando muitos soldados sauditas e destruindo pesados equipamentos militares. Portanto, os iemenitas resistem ao contínuo bombardeio saudita. Não só resistem, como reconquistam terrenos.

O desejo dos sauditas é entrar em combate direto contra os iemenitas, em território iemenita. Mas não se atrevem. Eles conhecem a capacidade combativa e o valor do homem iemenita. O que fazer então? Estão tentando “alugar”, a peso de bilhões de dólares, um exército que faça a invasão terrestre por eles. Foram ao Paquistão, onde existe a influência wahabita em alguns setores da população (lá é o berço do Talibã), para pedir que forças paquistanesas fizessem parte de uma coalizão para invadir o território iemenita. O congresso paquistanês, sabiamente, impediu. Tentaram também o Egito, para quem os sauditas têm doado bilhões e bilhões de dólares. Afora algumas incursões aéreas, o Egito não quis comprometer o seu exército numa invasão territorial. Então emissários sauditas continuam circulando pelo mundo muçulmano, carregados com sacos de dinheiro, tentando alugar algum exército para invadir o Iêmen. Parece que, finalmente, conseguiram seduzir o Senegal para mandar alguns milhares de soldados para o combate em terra e decidir de vez o destino da guerra a favor dos sauditas e dos patrões americanos e israelenses.

Os sauditas e seus aliados vão vencer? As perspectivas não indicam isso. O Irã não pretende ficar de braços cruzados para sempre. Seus navios de guerra já estão no Golfo de Àden, às portas do Bab el Mandeb. Qualquer provocação pode gerar um confronto de proporções gigantescas. Certamente a ONU deverá ordenar que a Arábia Saudita e Estados Unidos parem com a agressão. O grito das nações de bem do mundo deverá fazer efeito e o Iêmen deverá continuar independente, fazendo alianças com quem o seu povo soberano desejar.

Fonte: https://olatoeiro.wordpress.com/

Foto: Internet.

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