O presidente Jair Bolsonaro está preocupado com o efeito que alta nos preços dos alimentos terá em sua popularidade e planeja sacrificar a produção nacional para manter sua taxa de aprovação. O governo estuda zerar tarifas na importação de alguns itens da cesta básica e facilitar a entrada de produtos estrangeiros.
O arroz, por exemplo, já apresenta queda no consumo e alta no preço. Um pacote de 5 kg foi de R$ 15 para R$ 40 em São Paulo. A alta coincide com a decisão do presidente de cortar o auxílio emergencial para a pandemia de coronavírus de R$ 600 para R$ 300. A medida é apontada como responsável pelo aumento da popularidade de Bolsonaro.
O aumento nos preços dos produtos da cesta básica é causado principalmente por uma alta das importações de alimentos por parte da China e pela desvalorização do real ante o dólar, o que levou também a uma queda de braço entre os supermercados e a indústria de
alimentos sobre o repasse do aumento de custos para os consumidores.
Bolsonaro tem sido cobrado por apoiadores nas redes sociais, um movimento que entrou no radar do monitoramento do planalto, levando a alguma atitudes ingênuas e desesperadas. Depois de cobrar “patriotismo” dos empresários na hora de remarcar os preços, o presidente aos donos das redes que o lucro com suas vendas “seja próximo de zero”, na última terça-feira (8).
Também na terça, ele pediu a uma youtuber mirim que perguntasse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, sobre o preço do arroz. A ministra deu apenas uma resposta genérica. Mais tarde, em fala para apoiadores, Bolsonaro afirmou que o governo prepara medidas para encarar a inflação dos alimentos e “dar uma resposta a esses preços que dispararam nos supermercados”.
Um gabinete foi instalado no Palácio do Planalto para informar diretamente o presidente sobre a variação dos preços dos alimentos, trabalho que estava sendo feito pelos ministérios da Economia e da Agricultura. Outra opção é conseguir que os donos de supermercados congelem artificialmente as etiquetas para amortecer o impacto do aumento na popularidade Bolsonaro.
O aumento de preços pode reforçar o pessimismo com o futuro da economia, o que também complica a situação do governo e do presidente. Em agosto, 70% dos brasileiros com renda abaixo de dois salários mínimos ouvidos pelo Datafolha afirmaram que a inflação vai aumentar nos próximos meses.