Por Plínio Teodoro.
Muito além da posição isentona de Jair Bolsonaro (PL), a guerra na Ucrânia já causa reflexos no Brasil e deve impactar ainda mais na economia cambaleante conduzida por Paulo Guedes no início do período pós-pandemia da Covid-19.
No início das operações do mercado financeiro nesta quarta-feira (3), o barril de petróleo Brent bateu US$ 111 dólares e deve continuar subindo.
A alta se deve ao boicote imposto pelas grandes petrolíferas, que se recusam a comprar petróleo russo, e pelos bancos, que se negam a financiar o transporte, em ação alinhada aos interesses do governo dos EUA e da Organização do Tratado Atlântico Norte, a Otan.
Mesmo com acordo de membros da Agência Internacional de Energia (AIE) para liberar 60 milhões de barris de reservas, o sistema financeiro aguarda a decisão da Opep e seus aliados, incluindo a Rússia, que se reúne nesta quarta para decidir sobre um aumento – ou não – da produção em março.
Todo movimento no mercado internacional do petróleo poderia ser uma boa notícia para o Brasil. Nos últimos dias, as ações da Petrobras registram um movimento de alta, atraindo capital de investidores que fogem de ações das empresas russas.
No entanto, o que poderia ser um ponto positivo deve refletir negativamente no bolso dos brasileiros.
Mesmo com as ações em alta, a Petrobras segue a Política de Paridade Internacional (PPI) adotada por Michel Temer (MDB) e mantida por Bolsonaro para dolarizar o preço dos combustíveis.
A medida faz com que os aumentos da gasolina e do diesel sejam atrelados às variações do mercado internacional de petróleo.
Desta maneira, as tensões internacionais que elevaram o preço do barril do petróleo devem puxar ainda mais os preços dos combustíveis e, consequentemente, a inflação no Brasil.
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