Com Bolsonaro, 1º de abril é todo dia; presidente diz 3 mentiras por dia de mandato

Levantamento mostra que presidente não se constrange em mentir; em 820 dias de governo, foram 2.662 declarações falsas

Foto: Isac Nóbrega

Desde que assumiu, em 1 de janeiro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já mentiu 2.662 vezes, uma média de 3,2 declarações falsas por dia de mandato. Os dados são de um levantamento realizado pelo site Aos Fatos.

De acordo com o compilado, janeiro de 2021 foi o mês em que o presidente mais mentiu durante seu governo: foram 218 declarações falsas, contra 205 proferidas em maio de 2020, que vem logo atrás.

A mentira preferida e mais repetida de Bolsonaro é de que o Supremo Tribunal Federal (STF) eximiu a Presidência da República de tomar medidas contra o coronavírus. Ao todo, o presidente repetiu essa afirmação falsa por 87 vezes, desde 9 de abril de 2020.

Brasil de Fato recuperou outras cinco mentiras contadas por Jair Bolsonaro durante o exercício da Presidência da República.

22 de setembro de 2020

Em discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), Bolsonaro elogiou o programa brasileiro de transferência de renda durante a pandemia. “Concedemos o auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente mil dólares para 65 milhões de pessoas, o maior programa de assistência aos mais pobres no Brasil e talvez um dos maiores do mundo”.

Era mentira. Somadas, as quatro parcelas de R$ 600,00 do auxílio emergencial chegam a R$ 4,2 mil. À época, mil dólares correspondia a R$ 5,4 mil.

13 de abril de 2020

O mundo completava um mês de pandemia do coronavírus e Jair Bolsonaro foi às redes sociais para transmitir uma mensagem de Páscoa aos brasileiros. No vídeo, ousou dizer, contrariando todos os prognósticos, mesmo os mais otimistas, que o vírus estaria “desaparecendo”.

Era mentira. Dez meses após a afirmação de Bolsonaro, o Brasil segue sob os efeitos da pandemia. Ao todo, 321,5 mil brasileiros já morreram em decorrência da doença, sendo 66,8 mil mortes apenas em março de 2021, o mês mais letal do novo coronavírus no país, que soma 12,7 milhões de contaminados.

23 de novembro de 2020

Um dos alvos preferidos de Bolsonaro, os indígenas são constantemente afetados pelas mentiras do presidente. Em conversa com seus seguidores, em frente ao Palácio do Alvorada, o mandatário tentou defender o interesse do agronegócio em terras indígenas, mais precisamente no território do povo Yanomami, em Roraima.

“Tem mais ou menos, ninguém pode comprovar, são 10 mil índios. Alguém sabe o tamanho da reserva Yanomami comparando com outros Estados? É duas vezes (sic) o tamanho do Estado do Rio de Janeiro. Justifica isso?”.

Era mentira. Dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), produzidos em 2017, mostram que existem 25.486 yanomamis no território. De acordo com o Censo 2010, eram 25.719. Um erro 180%.

5 de setembro de 2020

No Dia da Amazônia, o presidente brasileiro recorreu, novamente, às redes sociais para transmitir sua mensagem ao povo. Durante o breve discurso, afirmou que a “a Amazônia é nossa e nós vamos desenvolvê-la, afinal de contas lá existem 20 milhões de brasileiros que não podem ficar desamparados”. Ladeado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o deputado estadual Frederico D’avilla (PSL-SP), Bolsonaro emendou:

“O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente.”

Era mentira. De acordo com o Banco Mundial, o Brasil é o 30º país que mais preserva o meio ambiente. Segundo a Global Forest Watch, os brasileiros são responsáveis por um terço do desflorestamento mundial em 2020, ano da declaração falsa de Bolsonaro.

24 de março de 2021

Sem qualquer constrangimento, Bolsonaro usou a cadeia nacional de rádio e TV para falar à população sobre o avanço da pandemia no país, pressionado principalmente pelas declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu por vacinação e atacou o presidente e os negacionistas.

Durante o discurso, Bolsonaro garantiu: “Somos o quinto país que mais vacinou no mundo. Temos mais de 14 milhões de vacinados e mais de 32 milhões de doses de vacina distribuídas para todos os estados da Federação”.

Era mentira. No dia do discurso de Bolsonaro, o Brasil era o 5º país que mais havia vacinado em números absolutos, de acordo com a ferramenta Our World in Data, da Universidade de Oxford. Proporcionalmente, ou seja, calculando o número de vacinas para cada grupo de 100 mil habitantes, os brasileiros estavam na 73ª posição.

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