Por Leandra Felipe.
Na reta final da campanha presidencial na Colômbia, as últimas pesquisas de intenção de voto mostram empate técnico entre o presidente Juan Manuel Santos, candidato à reeleição, e Oscar Zuluaga, do Centro Democrático (direita), partido criado pelo ex-presidente e senador eleito Álvaro Uribe. Em algumas pesquisas divulgadas esta semana, Zuluaga aparece pouco à frente de Santos, e em outras o presidente tem vantagem inferior a 2 pontos percentuais. Os últimos dias de campanha foram marcados por acusações e denúncias, em grande parte feitas por Uribe, que participa ativamente da campanha de Zuluaga.
Reportagens publicadas na primeira semana de maio denunciaram que o publicitário JJ Rendón – responsável pela campanha de Santos à reeleição – havia “intermediado” o recebimento de uma doação de narcotraficantes no valor de US$ 12 milhões, dinheiro que teria sido investido na campanha que o presidente em 2010.
A denúncia foi feita pelo próprio Uribe e foram negadas pelo publicitário. Mesmo assim, o presidente ordenou o afastamento de JJ Rendón, apesar de seu currículo vitorioso – ele venceu 20 das 22 campanhas que coordenou. Esta semana, Uribe foi chamado duas vezes no Ministério Publico para apresentar provas sobre as denúncias. Mas não falou em nenhum das duas ocasiões.
Ontem (16) o ex-presidente compareceu à Promotoria em Bogotá e ficou 20 minutos no interior do prédio. Na saída, ele fez declarações a imprensa e disse que foi orientado a manter o “silêncio” como medida de proteção.
“Por falta de garantias não jurei e guardei o silêncio perante a promotoria sobre as informações que tenho, informações essas que serão comprovadas e que são muito graves para o interesse do país. Nos próximos dias, depois de solicitar proteção, apresentarei todas as provas”, anunciou.
Uribe é um grande usuário do Twitter e participa ativamente do debate na internet sobre tudo o que acontece no país, além de entrevistado frequente em programas de rádio e de televisão. Além disso, várias peças publicitárias da campanha de Zuluaga tem a foto de Uribe, que também participa ativamente dos comícios e carreatas.
No troca-troca de acusações, o candidato do Centro Democrático também foi atingido. O Ministério Público apresentou denúncias sobre espionagem “privada” de correios eletrônicos de integrantes da Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que participam da mesa de negociações com o governo em Havana, Cuba. A espionagem teria sido feita por Andrés Fernando Sepúlveda, funcionário de informática da campanha de Zuluaga, que também foi afastado da equipe.
O presidente Santos afirmou que a chuzadas (como são chamados os grampos na gíria colombiana) devem ser investigadas a fundo e que a espionagem é feita por quem “deseja sabotar o processo de paz”.
Santos espera “ganhar pontos” com o eleitorado após o anúncio de um acordo parcial sobre as drogas ilícitas entre as Farc e o governo. A notícia foi comemorada pelo presidente em um pronunciamento no começo da noite.
“Não entendo como um punhado de gente, representante dessa extrema direita, quer assassinar a esperança de todos os colombianos de conseguir a paz”, afirmou. Uribe e o candidato Oscar Zuluaga são críticos do processo de paz. Zuluaga já anunciou que não “interromperá” o processo, mas que, em sua visão, há erros “graves” que devem ser reparados.
Diante desse cenário, o fim de semana poderá ser decisivo para o desempenho dos candidatos. Santos e Zuluga apresentam empate técnico nas duas primeiras posições, com indicativo de que disputarão um segundo turno em junho. O primeiro turno das eleições presidenciais na Colômbia será realizado no dia 25 de maio. Além deles, os outros candidatos – Clara López, do Polo Democrático Alternativo (esquerda), Enrique Peñalosa, da Aliança Verde (centro-esquerda) e Marta Lucía Ramírez, do Partido Conservador – também aparecem com índices muito semelhantes, variando entre 8% e 10% nas pesquisas.
Edição: Juliana Andrade
Fonte: EBC.