Resultado de TCC apresentado e publicado em abril de 2014,o livro-reportagem de Matheus Lobo e Rodrigo Chagas “Colômbia – Movimentos pela Paz” está disponível gratuito para download no site da editora Insular.
Este livro reporta um momento decisivo da história da Colômbia, a partir do ponto de vista dos movimentos sociais, que acompanhavam e buscavam ampliar a participação popular nos diálogos de paz entre o Governo e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). A expectativa: mudar o cenário político e social desse país que vive em guerra interna há mais de 50 anos. Colômbia ? Movimentos pela paz traz ao público brasileiro, tão pouco atento aos vizinhos latino-americanos, o retrato de uma democracia cotidianamente ferida; ao mesmo tempo, mostra a resistência dos movimentos sociais que renovam as esperanças de um país que se cansou da guerra.
O livro é dividido em três capítulos.
“Educação Pública – A faísca para o movimento social colombiano” narra a ascensão do movimento estudantil a partir da derrubada de uma proposta de reforma da educação superior, em 2011. Com grandes mobilizações de rua por todo o país e greves que chegaram a parar todas as universidades públicas, os estudantes tornaram-se exemplo de unidade na esquerda. Reacenderam o movimento social colombiano ao impor a primeira derrota política ao governo de Juan Manuel Santos.
“País Rural – Tanta terra sem gente, tanta gente sem terra” é um retrato de uma disputa que encurrala os camponeses entre latifúndios e megaprojetos do setor mineiro-energético. É também a história da resistência de pequenos agricultores que são desalojados, que plantam coca, que são perseguidos pelo exército e por paramilitares. Longe de conquistar a reforma agrária integral, o movimento camponês assumiu como principal bandeira a implementação das Zonas de Reserva Camponesa, instrumento jurídico para garantir a permanência na terra e o desenvolvimento da economia local.
E “Democracia – A mais antiga e mais sangrenta da América Latina” percorre o longo trajeto do conflito armado interno: as tentativas fracassadas de diálogo entre guerrilhas e governos, o emblemático caso do genocídio de mais de três mil militantes do partido União Patriótica, a crueldade dos grupos paramilitares – e seu envolvimento com políticos, empresários e oficiais do exército. Perseguições, ameaças e detenções arbitrárias ainda fazem parte da realidade dos movimentos sociais.
Quando estivemos na Colômbia, no início de 2013, a aposta dos setores progressistas e democráticos era a construção de um movimento amplo que respaldasse os diálogos de paz entre as FARC e o governo nacional. O cenário era de muita mobilização e esperança, apesar da incerteza que ainda rondava as negociações.
Em novembro de 2016, finalmente, foi celebrado o Acordo de Paz, não sem muitas dificuldades. Os setores da guerra, especialmente ligados ao ex-presidente Alvaro Uribe, nunca se deram por vencidos. E agora seu candidato Iván Duque acaba de ser eleito presidente da Colômbia, derrotando Gustavo Petro e seu projeto Colombia Humana, que contou com o apoio de todos os defensores da paz. O que será do próximo governo está em aberto. A única certeza, como sempre foi para os colombianos, é de que a luta continua.
O alarmante é, novamente, o avanço do paramilitarismo. Foram assassinados 385 líderes sociais e defensores de direitos humanos desde janeiro de 2016, segundo cifras de Indepaz e Marcha Patriótica.
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