Colômbia prepara mobilização para a Paralisação Agrária Nacional

2014_03_cumbre_agraria_divulgacaoOrganizações agrárias, campesinas, movimentos políticos e sociais, redes de sementes, federações sindicais, além de comunidades negras e indígenas da Colômbia estão se organizando para unir demandas e fazer frente ao modelo extrativista que mercantiliza a terra e os bens culturais. Esta convergência será possível durante a ‘Cúpula Nacional Agrária: Campesina, Étnica e Popular’, que acontece de 15 a 17 de março em Bogotá. O encontro é uma preparação para a Paralisação Agrária Nacional, mobilização que, em 2013, foi considerada histórica.

Em convocatória, as organizações destacam que a Cúpula é um ponto de encontro para os vários setores agrários e populares, para a qualificação de debates e a construção de um programa unitário, com o qual os manifestantes vão manter em conexão a agenda de ação política e social.

“Essa proposta se orienta a respeitar o direito dos povos a definir o uso da terra e os alimentos a serem cultivados, fortalecer os processos participativos e de diálogo interétnico e intercultural, garantir o direito à soberania e autonomia alimentar, assim como o direito à consulta prévia com consentimento livre, prévio e informado dos povos afro, indígenas e campesinos”, destacam, ressaltando também que pretendem, em suas mobilizações, denunciar a falta de vontade política por parte do governo de cumprir os acordo feitos com os atores populares do setor rural.

Antes do encontro em Bogotá, organizações ligadas ao campo já se reuniram em suas cidades durante pré-cúpulas para avançar na construção conjunta de um documento com reivindicações, que será levado à Cúpula Nacional. Outra atividade relacionada é o Fórum Urbano Alternativo, que acontecerá de 06 a 08 de abril, na cidade de Medellín, com o intuito de avançar e fortalecer a articulação dos processos urbanos a nível local e nacional. Na oportunidade, serão discutidas as propostas da cidade e engajadas nas agendas de luta social.

Para a CLOC/Via Campesina Colômbia, o ano de 2014 trouxe um desafio para o movimento campesino e para a sociedade colombiana. Se por um lado há a necessidade de se consolidar um processo de unidade e mobilização, por outro é preciso consolidar um projeto político que contemple os aportes de todos os setores, que não se limite ao tema campesino, mas sim “que proporcione uma alternativa política ao neoliberalismo e à tradicional política que governou este país nos últimos anos”.

Em 2013, este processo de mudança começou com bastante força. Em agosto, o movimento campesino protestou como poucas vezes se viu na Colômbia. A paralisação começou na madrugada do dia 19 de agosto e teve massivo respaldo popular. Além de trabalhadores ligados ao meio rural, pequenos pecuaristas, mineradores, caminhoneiros e profissionais da saúde também se uniram à mobilização, levando demandas comuns e específicas. Algumas delas relacionadas às promessas não cumpridas pelo governo, contra os Tratados de Livre Comércio (TLC) e as exportações de alimentos, e pelo aumento da ajuda aos setores em crise.

Incontáveis manifestações, marchas, plantões, concentrações e bloqueios de vias foram realizados por toda a Colômbia. As reclamações reverberaram em pelo menos 25 dos 32 departamentos do país. Após 24 dias de mobilização e de respostas repressivas e violentas, o governo fez algumas concessões e reconheceu a validade de parte das demandas. Mas, o resultado considerado mais importante foi que a paralisação nacional uniu diversas categorias e setores e abriu um espaço de discussão, conscientização, solidariedade e resistência na Colômbia. A paralisação de agosto de 2013 foi considerada a mais importante e contundente do país nos últimos anos.

Fonte: Adital.

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