Coletivo Feminista Classista repudia discurso de ódio contra mulheres em São Miguel do Oeste

    Imagem: CAPSI SMO.

    O Coletivo Feminista Classista do Extremo-oeste de Santa Catarina, repudia veemente o discurso de ódio contido nos escritos do jornalista Roger Brunetto, em suas redes sociais virtuais e por meio de publicação em uma coluna do Jornal Imagem (@jornal.oimagem).

    O repúdio vai de encontro à nota publicada hoje pelo Centro Acadêmico de Psicologia, que explica: “Na postagem em questão, Roger afirma, sem conhecimento das causas, e sem capacidade técnica de “opinião”, considerar que o ato de uma mulher ser agredida ou estuprada pelo mesmo homem mais de uma vez é uma “passividade patológica”, pois segundo ele, uma mulher de ação e que se ama poderia se defender e buscar auxílio policial”. Repudiamos a forma como o jornalista Roger Brunetto se posicionou, pois entendemos que este, ocupa um lugar de formação de opinião.

    Imagem: CAPSI SMO.

    Entendemos que o conteúdo publicado vai além de uma simples opinião, evidenciando um discurso de ampliação da violência contra a mulher, violência essa, que não pode ser entendida a partir de uma visão comum, mas dentro da perspectiva histórica de uma estrutura que todos os dias fere e mata mulheres do mundo todo. Julieta Paredes, fundadora do movimento Feminismo Comunitário de Aby Ayala, na Bolívia, fala em sua obra: “O que é o feminismo comunitário: bases para a despatriarcalização”, no item sobre a descolonização da memória, da necessidade de luta constante pelo fim do patriarcado e o rompimento de sistemas e ações que reforçam o machismo e dão sequência a ciclos de violência como o feminicídio.

    Reforçamos o nosso repúdio guiado pelos estudos que temos feito com base em mulheres que lutaram e também produziram conhecimento em seus escritos e contribuições, a exemplo de Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin, a primeira muito rememorada pelo seu “espírito da revolução e do internacionalismo proletário”, ambas, alemãs, militantes revolucionárias. No espelho delas é que iniciamos faz alguns anos, esse projeto de construção de um grupo com bases em estudos sobre o feminismo classista, no interior do estado catarinense, reunindo jovens do Extremo-oeste, militantes da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR), aproximando a realidade camponesa e urbana no estudo para a luta e o enfrentamento ao sistema patriarcal.

    Estudar o Feminismo Classista significa compreender que não há possibilidade de construir uma sociedade diferente, com justiça e dignidade, se não for de maneira coletiva. É entender que mulheres e homens, trabalhadoras e trabalhadores vivem em uma sociedade dividida em classes e que especialmente, as mulheres trabalhadoras exploradas, além de sofrerem com o machismo em suas várias expressões na sociedade, são mulheres proletárias que dividem a vida com homens proletários e acabam sendo vítimas do machismo no próprio contexto do proletariado. Significa também, que, a transformação nas relações de gênero somente acontecerá se a luta for classista, se houver entendimento de que é necessário promover a ruptura do sistema capitalista, patriarcal e machista.

    O machismo é estrutural, preexiste ao capitalismo, por isso nos propomos a refletir sobre qual projeto de sociedade vamos construir coletivamente, considerando que, enquanto existir um companheiro oprimido, nenhuma companheira estará livre para pensar, viver e ser. Nesse contexto, a luta vai além das vontades individuais, está centrada no processo político e econômico, social e cultural, de construção da sociedade, relacionado a defesa da vida de forma mais ampla e profunda. São transformações que dependem da proteção à terra e do meio ambiente, a luta pela demarcação dos territórios tradicionais, o combate constante a qualquer tipo de violência, a defesa de uma educação para alteridade, a luta pelo rompimento do sistema e não na adequação das nossas vidas, corpos e mentes a ele, por isso se defende um processo decolonial de mundo e por isso também, vamos denunciar e repudiar ações que ferem o princípio de defesa da vida.

     Coletivo Feminista Classista

    São Miguel do Oeste/SC, 3/12/2020

    Confira a nota do Centro Acadêmico de Psicologia:

    Centro Acadêmico de Psicologia repudia discurso de ódio em São Miguel do Oeste

     

     

     

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