Por J. Roberto Militão.
PRESIDENTES DA OAB reunidos: retrato de um Brasil machista e racista.
No eterno combate ao racismo e ao machismo institucional – na foto nenhuma mulher nenhum preto/pardo – não canso de apontar essa doença endêmica de nossas estruturas institucionais.
O ministério do governo federal – nenhuma mulher nenhum afro-brasileiro – no secretariado do governo dos principais estados do Brasil: idem, idem.
Em 2007, numa sessão de julgamento perante o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo – são os 25 desembargadores mais antigos do TJSP – fiz tal denúncia: na sustentação oral pedi aos ilustres Desembargadores que se observassem: eram todos homens, brancos. Eram frutos do racismo institucional que sustentava num recurso de ´Exceção da Verdade´ que promovia em face de um Juiz de Direito que em despacho judicial, frente a uma denúncia da prática de discriminação racial nos colégios Salesianos (não concede bolsas de estudos a pretos e pardos nos termos do cumprimento da legislação da filantropia – 20% das vagas deveriam ser bolsas de estudos para estudantes carentes) o Juiz proferiu: “Parece estranho que os pais de alunos acusem a escola da prática de discriminação racial e queiram, ao mesmo tempo, manter seus filhos matriculados na mesma escola”.
Em resposta a tal deliberação do Juiz (era o Estado-Juiz que manifestava), protestei afirmando que o Magistrado estava aderindo ao ditado popular: “os incomodados que se mudem” e com isso acolhendo a lógica racista da instituição. O Juiz sentiu-se ofendido e moveu um processo por calúnia. Contestei a denúncia do Juiz alegando um recurso denominado ´Exceção da Verdade” que era então o objeto do julgamento perante a Colenda Corte Especial do Tribunal de Justiça.
Tenho reiterado essa denúncia em todas as instituições. Nas reuniões do partido – PSB – é comum formarem mesas diretoras sem mulheres e sem pretos/pardos. No Conselho Seccional da OAB-SP idem, idem. No Egrégio Tribunal de Ética da OAB idem. E assim, sucessivamente. Em todos os parlamentos, mais de 90% são homens brancos que elaboram as leis inócuas, se beneficiam com as verbas orçamentárias, facilitam os desvios das emendas parlamentares e quase todos são corruptos e corruptores com os recursos de orçamentos públicos.
Importante demonstrar isso. Os homens brancos são apenas 25% da população e ocupam 98% dos cargos institucionais. E não o fazem por mérito. Fazem-no pela prática institucional do racismo e do machismo. Ao excluírem pretos/pardos e mulheres, se beneficiam e se autopromovem reciprocamente.
O combate ao racismo institucional tem sido minha matéria prima de ativista contra o racismo! Faz anos convenci-me não adiantar combater o racista individual. É preciso a destruição do racismo institucional.
Eis uma foto exemplar. ´Colégio de Presidentes da OAB´, em 2017; http://www.migalhas.com.br/Pilulas/265508
Fonte: Jornal GGN.