Por Suzana Camargo, Conexão Planeta.
Assim como os cangurus, os coalas são um dos animais mais simbólicos da Austrália. Nativos daquele país, não são encontrados em nenhum outro lugar do planeta. E infelizmente, correm o risco de serem extintos. Em um comunicado feito hoje, 11/02, o ministério do Meio Ambiente anunciou que a espécie deixa de ser considerada ‘vulnerável’ à extinção e passa para a categoria ‘ameaçada’, que é muito mais preocupante, nos estados da Nova Gales do Sul, Queensland e no Território da Capital Australiana.
“Estamos tomando medidas sem precedentes para proteger o coala, trabalhando com cientistas, pesquisadores médicos, veterinários, comunidades, estados, governos locais e proprietários tradicionais”, afirmou Sussan Ley, ministra do Meio Ambiente. “O impacto de secas prolongadas, seguidas dos incêndios florestais do ‘verão negro’ [entre o final de 2019 e o início de 2020], além de doenças, urbanização e perda de habitat nos últimos 20 anos levaram à essa medida”.
Em junho do ano passado, especialistas já tinha feito o alerta que para não desaparecerem, os coalas deveriam ser classificados como ‘ameaçados de extinção’. Na época, eles ressaltaram que se uma ação urgente não fosse tomada, até 2050 esses marsupiais poderiam deixar de ser vistos na Austrália.
O governo australiano acredita que a partir de agora, com a mudança no status de risco, quando novas estratégias de conservação irão considerar os impactos em certas regiões, mas em relação à população total de coalas no país.
Para poder salvar o coala da extinção, a Austrália está investindo mais de US$ 74 milhões para proteger a espécie e garantir a resiliência a longo prazo, incluindo: US$ 47 milhões na recuperação de seu habitat, US$ 8,7 milhões em projetos de saúde, pesquisa genética e apoio médico; e US$ 12 milhões para o Programa Nacional de Monitoramento de Coalas.
Coalas: luta pela sobrevivência
Os coalas já enfrentavam uma situação extremamente difícil na Austrália bem antes da temporada do chamado ‘verão negro’. Em maio de 2019, eles foram declarados “extintos funcionalmente” porque já são tão poucos, que não têm mais papel no ecossistema.
Os biólogos dizem também que o declínio da população compromete a segurança e a variação genética da espécie, pois o acasalamento, muitas vezes, ocorre entre “parentes” muito próximos.
Acredita-se que os coalas (Phascolarctos cinereus) evoluíram no continente australiano durante o período em que a Austrália começou a se deslocar lentamente para o norte, separando-se gradualmente da massa terrestre antártica, há cerca de 45 milhões de anos.
Restos fósseis de animais semelhantes a eles foram encontrados datando de 25 milhões de anos atrás. À medida que o clima mudou e a Austrália se tornou mais seca, a vegetação mudou para o que conhecemos hoje como eucalipto, tornando-se a fonte de alimento desses marsupiais.
Antes dos primeiros europeus chegarem ao continente, por volta de 1788, milhões e milhões de coalas viviam nele. Todavia, ao longo dos últimos 230 anos, o impacto das atividades humanas, assim como a perda das florestas, reduziu a população de coalas a números alarmantes.
E não foi só isso. Durante muitas décadas, ao redor de 1900, a pele do coala era exportada para a Europa. Milhões desses pequenos e inofensivos animais foram mortos para atender a demanda, ou melhor, a vaidade do homem.
Em 1924, a espécie já estava extinta no sul da Austrália. Apenas no final da década de 30, devido à revolta popular, foi declarado pelo governo o status de “animal sob proteção”.