Os amantes do legado cultural e histórico do Haiti se incomodam com os recorrentes olhares estigmatizadores sobre o país, e o cinema tenta se rebelar contra tais preconceitos.
Um forte crítico do insistente enfoque miserável com o qual o Haiti é olhado é o cineasta cubano Rigoberto López, que apresentará hoje uma conferência sobre a realidade cinematográfica dessa nação caribenha.
A conferência abre a jornada final da semana da cultura haitiana em Cuba, que desde segunda-feira passada destaca o patrimônio de artes e tradições trazidas para cá há mais de um século.
López, presidente da Mostra Itinerante de Cinema do Caribe, fez recentemente um chamado a acabar com essa visão cheia de dó ou pena que estigmatiza o Haiti, ao apresentar o filme Toussaint Louverture.
O intelectual e profundo conhecedor do Caribe criticou a imposição de uma imagem perjorativa e miserável do Haiti, para negar sua história, seu legado e grandeza secular.
“Há uma reiteração maçante do Haiti miserável, violento, e essa visão tem marginalizado e apagado o muito que as Américas devem à Revolução liderada por Louverture”, assegurou o realizador.
Até as exposições fotográficas e de pintura “naif” exibidas na Casa do ALBA de Havana reinciden no folclorismo e nos temas de cores e misérias que são apenas uma parte do Haiti.
Meninos nus, velhinhos desdentados e com roupas rasgadas compradas nos “Pepés” (lojas de roupas de segunda e até terceira mão), protagonizam telas e fotografias em primeiros planos intimistas.
Além das artes plásticas, a mostra incluiu 10 documentários sobre o Haiti, entre eles dois dedicados à cantora Martha Jean- Claude, Rigwaz e Mulher de duas ilhas.
Fonte: Prensa Latina.