Nascido na Dinamarca, Henning Albert Boilesen nunca contou com muitos recursos, até o dia em que surgiu a oportunidade de ele se mudar para o Brasil. No novo país, o simpático europeu, com porte atlético e sempre sorridente, conquistou em pouco tempo a admiração de muitos, e rapidamente chegou ao posto de presidente da Ultragaz. Assim, o ex-lutador de boxe foi se destacando cada vez mais até ser um dos principais nomes na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a FIESP.
Com poder e prestígio, no entanto, o Cidadão Boilesen pode colocar em prática um lado negro de sua personalidade. Durante os anos mais conturbados da ditadura militar, o dinamarquês foi um dos principais financiadores da Operação Bandeirantes, um centro de investigações montado clandestinamente pelo exército em 1969 para reprimir a oposição, usando métodos como a tortura. Envolvido diretamente com as ações, o sádico empresário foi assassinado por membros da ALN e do MRT, em 1971.
Decidido a investigar melhor a morte de Boilesen desde seu assassinato, Chaim Litewski optou por um documentário no início dos anos 90. Com financiamento próprio e realizado nas horas vagas do cineasta, o filme levou 16 anos para ficar pronto, mas sua primeira exibição já conquistou o troféu de melhor filme do festival É Tudo Verdade. Dentre os depoimentos existentes no filme, estão o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador de São Paulo Egídio Martins, Erasmo Dias, Dom Paulo Evaristo Arns, além de vítimas do regime, como Carlos Eugênio da Paz, membro da ALN que liderou o grupo que matou Boilesen.
Ciclo de Cinema Brasileiro e Política
Descrição: o projeto visa exibir longas, curtas e documentários brasileiros como instrumento de reflexão filosófica sobre política e ditadura.
Público: gratuito e aberto à comunidade geral
Local: Mini-auditório do CFH – UFSC
Horário: 19h
Apoio: Departamento de Filosofia (UFSC), CAFIL
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Fonte: Cotidiano UFSC.