O diretor Guilherme Fiúza Zenha, o Gui Fiúza, afirmou nesta última quinta-feira (25/08), por meio das redes sociais, que pediu seu desligamento de comissão do Ministério da Cultura (MinC) que seleciona um filme brasileiro para disputar uma vaga no Oscar. Mesmo sem confirmar o motivo, a baixa engrossa o coro contra possível perseguição do ministério ao filme favorito para a disputa, Aquarius (2016), de Kleber Mendonça Filho.
Na última quinta-feira (25/08), a diretora Anna Muylaert desistiu de concorrer à vaga com seu mais novo filme, Mãe Só Há Uma (2016). Na última edição do premio norte-americano, a cineasta foi a escolhida pelo MinC para representar o país com o longa Que Horas Ela Volta? (2015). Outro diretor a abandonar o pleito foi Gabriel Mascaro, com o filme Boi Neon (2016). “É lamentável que o MinC endosse na comissão um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações contra a equipe do filme Aquarius”, disse Mascaro.
A debandada tem relação com um dos membros da comissão, Marcos Petrucelli, que atacou a equipe do filme Aquarius. O longa estreou no Festival de Cannes, onde concorreu à Palma de ouro neste ano. Na ocasião, Kleber, acompanhado de integrantes do elenco, denunciaram o golpe de Estado em curso no Brasil. Petrucelli afirmou, pelas redes sociais, que a ação foi uma “vergonha”.
Para completar o quadro de perseguição ao aplaudido filme de Kleber, o longa recebeu uma censura polêmica do Ministério da Justiça. Proibido para menores, a equipe discordou, alegando não haver motivos para tal. “Esperar completar 18 anos para assistir ao filme Aquarius é muito fácil. Difícil é ter que esperar 16 anos para tentar vencer uma eleição nas urnas”, compartilhou o cineasta pelo facebook. O ministério alegou que o filme teria cenas de “sexo complexo”. A estranha alegação levantou discordância na distribuidora, que entrou com recurso contra a medida, porém, sem efeito.
A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC (exonerada após afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República), Ivana Bentes, declarou apoio aos inteegrantes do filme Aquarius pelo Facebook. “E o Oscar vai para os cineastas que estão insurgindo contra a perseguição política do governo interino. O tiro da secretaria do Audiovisual e do Ministério da (In) Justiça está saindo pela culatra.”
“Os produtores do cinema brasileiro estão corajosamente retirando seus filmes em protesto contra a retaliação do governo golpista, que primeiro nomeou para a comissão um jornalista que acha ‘vergonhoso’ o protesto político contra o governo em Cannes, e segundo, restringiu a classificação de Aquarius a 18 anos numa tentativa de diminuir sua visibilidade e circulação”, completou Ivana.
Foto: Reprodução/Brasil de Fato
Fonte: Brasil de Fato