Cinco escritoras indígenas contemporâneas que precisam ser divulgadas

 Por Luisa Geisler.

Ouvi uma vez num curso de oratória que nunca se deve começar a falar com um pedido de desculpas. Mas confesso que é muito difícil fazer essa lista fingindo que não precisa ser problematizada. Eu me questiono como uma mulher branca privilegiada indicando “o que as pessoas deveriam conhecer” em termos de literatura indígena; eu questiono o conceito de literatura e por que nessa lista está tão atrelado a uma ideia de escrita ocidental formal. Ao mesmo tempo, quis começar com algum lugar e sei que a lista tem limitações em tantos sentidos que não valeria a pena enumerar.

O foco em autoras contemporâneas é importante (pra mim) para evitar uma ideia estereotipada da cultura indígena. Importa saber o que se faz hoje, que autores podemos ler hoje. Talvez a lista não seja perfeita nem honre todas as escritoras que merecem esse espaço. E claro que não honra os tantos autores homens, mas a Alpaca se foca em discutir arte feita por mulheres. Mas quis trazer para um lugar de privilégio uma data que merece reflexão, mais do que fazer um cocar na escola. Essa lista está longe de perfeita e aceito críticas e sugestões.

Então é isso. Está aqui meu pedido de desculpas. Eis aqui autoras que são excelentes e que merecem mais espaço.

  1. Janet Campbell Hale

(ainda não publicada no Brasil)

Janet Campbell Hale é uma escritora nativo-americana. O pai da autora era totalmente Coeur d’Alene, enquanto sua mãe era parte Kootenay e irlandesa. Por isso, o trabalho da autora em geral explora questões da identidade nativo-americana, ainda com questões como pobreza, abuso e a condição da mulher na sociedade. Escreveu Bloodlines: Odyssey of a Native Daughter, que é em parte biográfico, mas em parte uma discussão da experiência nativo-americana; The Owl’s Song, The Jailing of Cecilia Capture e Women on the Run.

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  1. Marisol Ceh Moo

(ainda não publicada no Brasil)

A escritora é mexicana, escreveu X-Teya, u puksi’ik’al ko’olel (Teya, un corazón de mujer), que foi o primeiro romance escrito em idioma maia. O livro foi publicado numa edição bilíngue pela Dirección General de Culturas Populares (México), com a versão em maia e em castelhano. Em entrevistas, a autora explica que as publicações em língua maia só haviam trazido narrativas curtidas, como o conto, o poema, o mito e as lendas. Marsiol Ceh Moo queria mais liberdade com os personagens, tempos verbais e contextos e, para isso, sentiu necessidade de uma narrativa mais longa.

Teya, un corazón de mujer é o primeiro romance escrito por uma mulher em um dos idiomas indígenas do México e narra o assassinato de um militante comunista em Yucatán (México). A autora recebeu por essa narrativa o reconhecido Premio Nezahualcóyotl de Literatura en Lenguas Mexicanas.

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  1. Graça Graúna

Graça Graúna é descendente de potiguaras e se formou em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco. Também fez um mestrado sobre mitos indígenas na literatura infantil e se doutorou em literatura indígena contemporânea no Brasil. É autora de Canto Mestizo (Ed. Blocos, 1999), Tessituras da Terra (Edições M.E, 2001) e Tear da Palavra, de 2007. Escreveu obras infanto-juvenis como Criaturas de Ñanderu (Ed. Manole, 2010).

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  1. Lia Minapoty

Lia Minapoty é brasileira, maraguá, palestrante e atuante dentro da causa indígena. É autora de “Com a noite veio o sono”, publicado pela Leya. O livro trata do modo de pensar que os maraguás têm a respeito da noite. O livro trata de temas maraguás, informações relevantes à diversidade cultural do país, como por exemplo, a luta de reconhecimento e demarcação de terras indígenas. Dentro disso, o livro apresenta ilustrações de Maurício Negro. Lia tem um blog sem posts desde 2011, mas que mostra muito de sua arte até aquele momento, além de textos sobre a cultura indígena e sobre sua carreira.

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  1. Eliane Potiguara

Eliane Potiguara é professora e escritora indígena brasileira, de origem potiguara. Trabalha com diversos projetos que envolvem propriedade intelectual indígena, como o Instituto Indígena de Propriedade Intelectual e a da Rede de Escritores Indígenas na Internet, além de fazer parte da Rede Grumin de Mulheres Indígenas. Foi uma das 52 brasileiras indicadas para o projeto internacional “Mil Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz”. No seu website oficial, a autora divulga sua literatura, em conjunto de um blog como parte de seu trabalho na rede GRUMIN de Mulheres Indígenas, da qual é fundadora e coordenadora.

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Fonte: Alpacapress.

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