Por Plínio Teodoro.
Pesquisadores do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e por especialistas em biotecnologia do Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, divulgaram um novo estudo na revista Virus Research que alerta sobre casos inéditos de coinfecção por duas cepas diferentes do coronavírus no Brasil.
A infecção por duas variantes ao mesmo tempo seria resultada do forma descontrolada como o coronavírus circula no Brasil e traz risco de gerar novas mutações, mais agressivas e transmissíveis do vírus.
“Temos duas variantes de alta transmissibilidade circulando, a P2 e a britânica. Temos também, ao que tudo indica, a variante P1 que provocaria casos mais agressivos. Vamos imaginar que, com a circulação desenfreada do vírus, essas duas variantes se encontrem no mesmo indivíduo. A recombinação do genoma pode dar origem a uma variante com as duas características: mais transmissível e mais agressiva, características que tornariam o controle ainda mais difícil”, afirmou o virologista Fernando Spilki, da Feevale, um dos autores do trabalho, ao jornal O Estado de S.Paulo.
Para o vice-diretor de pesquisa da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca, entre as variantes que estão circulando a P1, descoberta no Amazonas, é a mais preocupante de todas por ser mais transmissível e conter uma carga viral elevada, o que provoca um aumento no número de casos e, consequentemente, de mortos.
“Se nós levarmos em consideração o que aconteceu no Amazonas, porque a gente tem as duas variantes também, a P2 apareceu primeiro, em novembro, mas ela nunca chegou nem perto da frequência da P1. Então, quando a P1 aparece, ela domina de uma maneira muito grande, nem mesmo a P2 chegou perto”, disse, em entrevista ao portal G1.
Nicolelis
Em entrevista ao jornal inglês The Guardian nesta quarta-feira (3), o neurocientista Miguel Nicolelis – apresentado como “um dos maiores cientistas do país sul-americano”, da Universidade de Duke – que o descaso de Jair Bolsonaro, “o inimigo público global nº 1 da pandemia”, passou a representar um risco mundial, com a possibilidade de desenvolvido de novas mutações ainda mais letais do coronavírus.
“As políticas que ele não está colocando em prática colocam em risco o combate à pandemia em todo o planeta”, afirmou Nicolelis, que voltou a dizer que o Brasil tornou-se “um laboratório a céu aberto para o vírus se proliferar e eventualmente criar mutações mais letais”, alertou Nicolelis. “Isso é sobre o mundo. É global”, alerta.