Infográfico elaborado com dados do Banco Mundial e do Conselho Federal de Medicina mostra que faltam médicos no Brasil, especialmente nos municípios menores. Cidades com até 50 mil moradores têm 33% da população e só 8% dos médicos do País. Outros dados revelam que enquanto a cidade de São Paulo possui 4,5 médicos por mil habitantes, a taxa média dos municípios com até 20 mil moradores é de 0,3 médico por mil habitantes. Nestes municípios vivem 32 milhões de brasileiros. Vinte e um estados brasileiros estão abaixo da média nacional.
Os números apresentados pelo infográfico vão de encontro à polêmica vinda de médicos estrangeiros ao Brasil, anunciada pela presidenta Dilma Rousseff, em pronunciamento na última semana. A expectativa é a vinda de cerca de 10 mil profissionais.
Segundo o ministro da Saúde Alexandre Padilha, essa polêmica tem que ser enfrentada. “Esse debate tem dois temas relacionados. Um, se o Brasil tem a quantidade de médicos que precisa para ser um país que quer ter um sistema nacional público, e por muitos anos se construiu uma imagem de que não faltavam médicos no Brasil e que o problema era como distribuir esses médicos, como estimulá-los a trabalhar no serviço público. E uma outra polêmica diz respeito a um certo tabu, de que o Brasil não pode ter um programa de atração de médicos estrangeiros, de que atrair médicos estrangeiros pode reduzir a qualidade do serviço ofertado. Isso não é um tabu em outros países do mundo, sobretudo nos sistemas nacionais públicos que são referência. Na Inglaterra, 40% dos médicos são estrangeiros, no Canadá, 17 %, na Austrália, 22%. Os Estados Unidos têm um sistema privado no qual 25% dos médicos são estrangeiros”, disse em entrevista à Fórum.
Ainda de acordo com o ministro, além da vinda de médicos, é preciso “ampliar mais as universidades públicas federais e estaduais, mas também nas privadas, porque hoje, através do FIES, um jovem que não tem condição de estudar em uma faculdade privada tem todo o seu curso custeado pelo Ministério da Educação por meio do FIES e o tempo em que ele for trabalhar no SUS, depois de formado, desconta da dívida dele”.
O coordenador de residência médica da USP, um dos programas mais procurados do Brasil, Luis Yu, afirmou ao G1 que os médicos estrangeiros são bem-vindos. “Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que é uma maneira de fixar médicos. Nessas regiões, nós precisamos de bons médicos. É muito mais difícil ser médico em uma região como essa do que nos grandes centros”, disse.
Associações médicas contrárias à proposta do governo federal dizem que os médicos estrangeiros não estariam capacitados, precisam passar por revalidação do diploma e que é preciso investir em infra-estrutura. O Conselho Federal de Medicina prepara um protesto no dia 3 de julho contra a medida.
Fonte: Revista Fórum.