Cidade devastada

Por Elaine Tavares.

Eram pouco mais de três horas da manhã quando o vento começou. As três e meia já era de arrasar. O Campeche sempre foi “ventoso”, mas aquilo passava de todos os limites. A casa começou a tremer, e as telhas voavam. Barulhos semelhantes vinham das casas vizinhas. A força do vento vergava as árvores até que o grande pé de araçá ruiu, caindo sobre o muro, quase atingindo a casa do vizinho. Coisa nunca vista.

A fúria da ventania durou quase duas horas, sem parar. Quando o dia amanheceu a cena era de destruição por toda a rua. Não havia luz, nem água, nem sinal de telefone. Os ventos tinham sido de mais de 115 quilômetros por hora. As pessoas saim devagar, ainda atônitas. As casas destelhadas, portões arrancados, cerca e muros no chão. O Campeche foi um dos bairros mais atingidos. Só na rua do Gramal são mais de quatro postes de luz caídos e os pontos de ônibus estão quase todos no chão..

Agora pela manhã, as pessoas se aglomeravam nos pontos de ônibus. Mas não havia coletivos. Não podiam passar por conta dos postes caídos no meio da rua. Toca a andar até a Pequeno Príncipe. Cada um com sua história para contar. “Lá se foi o décimo terceiro”, anunciavam, todos com algum conserto para fazer. O ciclone que passou por Florianópolis foi o mais forte nos últimos 30 anos e a população passou por ele sem aviso. No Pântano do Sul, seis embarcações foram à fundo. Um prejuízo incalculável para as famílias que vivem da pesca.

O prefeito César Souza anunciou que serão necessários no mínimo dez dias para tudo voltar ao normal. Existem 16 equipes da Celesc trabalhando, bem como outras dos Bombeiros e Defesa Civil. O clima segue dando avisos de que algo muito grave passa com a terra. Mas, ao que parece, os humanos parecem não se importar.

Fotos: Deisi Iara Gomes

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