Em Ceuta, as autoridades locais estimam entre 8 mil e 10 mil o número de migrantes que chegaram na última semana ao enclave espanhol. E em 7.000 o número daqueles que partiram voluntariamente ou foram devolvidos ao Marrocos. A população local presta ajuda aos menores que perambulam desorientados pela cidade.
Entre os que permanecem em Ceuta (muitos deles menores), alguns são alojados em centros, onde dormem, são alimentados e recebem produtos básicos de higiene. Outros ainda podem ser encontrados nas ruas da cidade. Os moradores locais estão se mobilizando para ajudá-los.
“Não podemos fazer isso, são crianças demais”, disse outro integrante do governo local, Carlos Rontomé Romero, durante a semana.
“Somos a fronteira, somos o dique, mas as nossas capacidades são limitadas. Somos uma pequena cidade de 19 km”, é muito difícil “absorver toda esta gente”, declarou numa entrevista à rádio.
Mamadou ainda usa em volta do pescoço o papel que recebeu do hospital na última terça-feira depois de nadar, junto com milhares de pessoas, principalmente marroquinos. Antes de cruzar a fronteira, o guineense de 23 anos caminhou desde Tânger.
Dormir ao relento
Desde então, ele dorme na rua. Ele aponta para pedras à beira-mar, sobre as quais coloca uma caixa de papelão à noite, sem conseguir se cobrir. De pé, encostado em um parapeito com vista para uma praia onde algumas famílias aproveitam o sol, ele acaba de comer um prato de macarrão.
“Para comer, nós viemos aqui. Há pessoas que dividem, há pessoas que nos dão comida. Não é regularmente, é de vez em quando que eles nos dão. “
Hoje, quatro pessoas de uma família de Ceuta vieram distribuir alimentos em pratos de plástico e suco de frutas. O alimento é colocado no grande porta-malas do carro.
“Estamos aqui para apoiar essas crianças. Porque é verdade, eles são crianças, não são adultos que podem se defender. Eles precisam comer. Eles não têm roupas. E assim vamos ajudá-los da melhor maneira que pudermos. Somos famílias anônimas, não somos ONGs, nem nada. Mas há todas essas crianças que poderiam ser nossas, por isso queríamos oferecer-lhes uma refeição hoje. “
Rachida estima que já serviu mais de cem pratos. A panela já está vazia, quando um último menino se aproxima. Ela se arrepende de não ter planejado mais, mas promete voltar, até que o problema seja resolvido.
(com informações da AFP)