Cansados de esperar uma solução da prefeitura de São Paulo, ciclistas voltaram a demarcar, na madrugada o último domingo (14 de maio), o espaço de uma a ciclovia que a administração João Doria (PSDB) apagou. O trecho entre a Rua Doutor Fausto de Almeida Prado Penteado e a Avenida Amarilis, no Morumbi, zona oeste da capital paulista recebeu contorno com tinta branca. A faixa de aproximadamente um quilômetro foi removida em março, sob alegação de que estariam sendo realizados reparos na via. No entanto, ciclistas que circulam pelo local garantem que a via estava em perfeitas condições de uso.
A linha pintada pelos cicloativistas delimita o espaço antes utilizado pelos ciclistas, por onde agora os veículos passaram a trafegar normalmente. Eles ainda escreveram “nenhum cm a menos” e “feito pelo povo”, além de pintar bicicletas para demarcar o local.
Embora a gestão Doria diga que foi uma ação para tapar buracos, todo o trecho da ciclovia foi coberto com pavimentação nova no dia 22 de março. Nenhuma sinalização de solo, como a pintura vermelha, o alinhamento branco ou as tachas foi recolocada. Apenas três placas indicativas da existência de ciclovia e da proibição de parada e estacionamento de veículos foram recolocadas, depois de reclamações dos ciclistas.
No local também não há nenhuma indicação de obra em andamento. Os ciclistas que percorrem o trecho se arriscam em meio ao trânsito de veículos que, naturalmente, passam sobre a parte da pista que antes era reservada às bicicletas.
A Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) já encaminhou vários ofícios à prefeitura, à Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade e à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), sem efeito. Em reunião da Câmara Temática da Bicicleta do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (CMTT), no último dia 2, eles também cobraram a reativação do trecho.
A gestão Doria segue informando que está efetuando a revisão do plano cicloviário da capital paulista e dialogando com os ciclistas. No entanto, em abril, a prefeitura anunciou que vai remanejar e trocar algumas ciclovias existentes por ciclorrotas – vias com sinalização especial, mas sem separação entre carros e bicicletas. Tal alteração foi considerada “estapafúrdia” pelo diretor da ONG Ciclocidade Rene Fernandes.
“Essa medida vai colocar os ciclistas em risco onde for aplicada. O que ampliou a adesão à bicicleta foi a segregação do espaço. Ao retirar isso você expõe as pessoas aos carros”, avaliou. Ele também reclamou de não ter havido diálogo com os ciclistas sobre a medida, que ainda não foi definida em que locais será aplicada.