Chuva

Imagem de t3ddy4rt por Pixabay

Chuva de outono, sempre tão desejada, por vezes rezada, posta em promessas, pedidos e preces, a fim de que viesse abrandar a seca entregue pelo verão.

Esperançada ela caía um pouco aqui e acolá – umedecendo palmos de chão e fazendo brotar ramos e caules – mas ainda insuficiente à reposição das fontes e nascentes.

Veio o dia e, muito repentinamente, nuvens densas, sob um céu anil, se formaram retumbantes, escondendo, inclusive, o clarão do sol, morenando o ambiente.

Olhares atentos perceberam que eram nuvens de chuva e, finalmente, as preces seriam ouvidas, as promessas retribuídas.

A chuva repousou sobre os altos das serras, despejando-se nelas, escorrendo sobre as rochas, entre arbustos, em meio às matas, pelos canais, corregos, acelerando-se até as várzeas.

Avolumada e apressada, desviou-se do leito do rio, encontrou alguns antigos, delineou novos e avançando, removeu pessoas, animais, plantas e sementes.

Incrédulos, depois da enchente, todos se perguntavam, como, a final, isso aconteceu, já que nunca se viu, em toda a existência, tanta fúria contra nossa gente.

Lamento e tristeza compõem e transcendem o lugar onde se vive, vinculam-se a humanidade degenerada, degradada e decadente.

A falta da chuva, ou ela em excesso, estampam os retrocessos na relação com a mãe terra, seus dons e dádivas entregues ao nosso cuidado.

Por Roberto Liebgott, para Desacato.info.

Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.
A opinião do/a/s autor/a/s não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

Enquanto isso

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