O presidente do Chile, Sebastián Piñera, ao promulgar uma lei contra o feminicídio no país na segunda-feira (02/03), culpabilizou as mulheres vítimas de abusos dizendo que, “às vezes”, demonstram uma “posição” favorável ao assédio.
“Às vezes não é somente a vontade dos homens de abusar, mas também a posição das mulheres em serem abusadas”, disse Piñera.
A fala do mandatário chileno aconteceu durante a promulgação da lei Gabriela, que considera culpado o autor que mate uma mulher por motivos de ódio e gênero. O novo regulamento é em homenagem à Gabriela Alcaíno, de 17 anos, e sua mãe, Carolina Donoso, que foram assassinadas pelo ex-companheiro da jovem.
Piñera ainda disse que as vítimas não podem “permitir que [um abuso] aconteça” e que o governo tem que “corrigir quem abusa”, alegando que toda a sociedade chilena estará disposta em ajudar a denunciar e impedir novos casos de abuso e feminicídio.
“Temos que corrigir quem abusa e temos que dizer à pessoa que ela não pode permitir que isso aconteça e que toda a sociedade o ajudará a denunciar e evitar que [esses abusos] continuem acontecendo”, afirmou o mandatário.
A ministra da Mulher e da Igualdade de Gênero do Chile, Isabel Plá, defendeu o mandatário afirmando que Piñera queria dizer que todas as mulheres quando denunciarem terão o “apoio da sociedade, das instituições e de todos os poderes do Estado”.
Após a repercussão negativa das declarações, Piñera disse que seu governo é “tolerância zero contra todo tipo de violência e abusos contra as mulheres”.
“Por isso chamamos a todas as mulheres do Chile para denunciar de imediato qualquer risco ou ameaça contra a sua integridade ou contra a sua vida, para que possa receber imediatamente, de forma oportuna e eficaz, a proteção do Estado”, afirmou.