Chile convoca embaixador do Brasil para explicar acusações de Bolsonaro contra o presidente Boric

Governo do Chile sinaliza descontentamento por Bolsonaro dizer no debate de domingo que o presidente Gabriel Boric “praticava atos de tocar fogo em metrôs”

Foto: EPA

RBA.- O Chile convocou nesta segunda-feira (29) o embaixador do Brasil em Santiago, para explicar acusações de Jair Bolsonaro dirigidas ao presidente chileno, Gabriel Boric. Em suas considerações finais no debate entre os candidatos à presidência no domingo (28), o mandatário brasileiro acusou o colega de “queimar o metrô” da capital, Santiago, nos protestos de 2019. A informação é da ministra das Relações Exteriores do país, Antonia Urrejola.

“Consideramos essas acusações gravíssimas. Obviamente são absolutamente falsas e lamentamos que em um contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinformação e das notícias falsas”, disse a chanceler.

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Nos protocolos dos diplomatas, convocar um embaixador para esclarecimentos é uma forma de sinalizar descontentamento – neste caso com a acusação falsa contra Boric pelo presidente do Brasil. “Lula apoiou o presidente do Chile também. O mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo o nosso Chile?”, disse Bolsonaro.

Desentendimento novo

Segundo o portal g1, a ministra Antonia Urrejola afirmou ao jornal La Tercera, que os chilenos estão convictos de que, mesmo com as diferenças ideológicas entre os presidentes de Chile e Brasil, deveria existir uma relação de respeito. “Não é assim que se faz política, ainda mais quando se trata de dois chefes de Estado eleitos democraticamente.”

Ao mesmo jornal, a chanceler afirmou ainda que é preciso fortalecer a relação entre ambos os países: “Esperamos poder continuar enfrentando os diferentes desafios como povos irmãos que somos, apesar dessas declarações do presidente Bolsonaro”, finalizou.

Ainda de acordo com o La Tercera, não é a primeira vez que o governo de Jair Bolsonaro dá sinais de hostilidade contra a gestão de Gabriel Boric, que assumiu a presidência do país em março, em cerimônia que não teve a presença do colega brasileiro. Em seguida à posse, o novo presidente indicou o diplomata Sebastián Depolo para ser o embaixador do Chile em Brasília, mas até agora o Itamaraty não deu resposta. Em linguagem diplomática, isso significa que o nome foi recusado.

Aos 36 anos, Boric é um ex-líder estudantil que fez sua campanha calcada no discurso da esperança, de bandeiras como a redução das desigualdades e com a promessa de fortalecer um Estado de bem-estar social no país.

 Confira nota do Ministério de Relações Exteriores do Chile em protesto à fala de Jair Bolsonaro

 

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