Por André Barrocal, Carta Capital.
O chefe do Batalhão da Guarda Presidencial, tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, cantou o hino brasileiro ao lado de bolsonaristas que invadiram o Palácio do Planalto em 8 de janeiro. É o que mostra um vídeo que circula entre algumas autoridades do governo.
A existência desse vídeo foi relatada a CartaCapital por uma dessas autoridades.
É a segunda gravação constrangedora para o chefe do Batalhão da Guarda Presidencial feita em 8 de janeiro. Uma outra, que já veio a público, mostra Fernandes da Hora a tentar dissuadir PMs que haviam entrado no Planalto para prender os invasores.
Sobre a atitude do tenente-coronel diante dos PMs, o Exército diz que “os fatos estão sendo apurados pelas autoridades competentes”, mas não esclareceu quem teria tal “competência”.
Fernandes da Hora dificilmente seguirá à frente do chamado “Batalhão Duque de Caxias”, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter decidido demitir o general Júlio César de Arruda do comando do Exército no fim de semana.
O fato de Fernandes da Hora ter se perfilado com os invasores do Planalto para cantar o hino foi mais uma das razões a alimentar a decisão de Lula de sacar Arruda do posto. É o que afirma a autoridade governamental que falou à reportagem.
Em um café com jornalistas em 12 de janeiro, o presidente havia dito que perdera a confiança em parte dos militares, por estar convencido de que vários foram coniventes com o quebra-quebra do dia 8. Na ocasião, comentou que iria esperar “a poeira baixar” e ver “todas as fitas que foram gravadas dentro da Suprema Corte, dentro da Câmara, dentro do Palácio do Planalto”, para tirar conclusões (e, presumivelmente, tomar providências).
O Batalhão da Guarda Presidencial é subordinado ao Comando Militar do Planalto. Esta última unidade é chefiada pelo general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, outro com risco de degola após a queda de Arruda e a nomeação do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva como comandante do Exército.
O acampamento de onde saíram bolsonaristas participantes do quebra-quebra estava montado na porta do quartel-general comandado por Dutra. Só existiu porque Dutra e o comandante do Exército (general Marco Antonio Freire Gomes até 29 de dezembro e, depois, Arruda até 8 de janeiro), permitiram.