Chávez comunicador: A voz do povo

Por Laura Bécquer Paseiro.

Chávez converteu a palavra na sua arma de combate, numa alternativa para dizer o que a grande mídia calava. Seus dotes de comunicador nato e excepcional, curioso e voraz leitor com grande capacidade analítica, serviram a ele como alternativa para divulgar seu projeto de mudanças sociopolíticas.

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Fidel Castro e Hugo Chávez durante o Aló, Presidente que se realizou em Sandino, província de Pinar del Río em 2005.
FOTO: Jorge Luis González

O líder bolivariano revolucionou a mídia tradicional e as redes sociais. A troca cara a cara com todos os setores da sociedade venezuelana, rompeu os esquemas do jornalismo e desde seu estrado não ficou calado nunca diante do poder midiático.

O reconhecido advogado, político e jornalista venezuelano, José Vicente Rangel declarou: “Frente a Chávez estamos diante de um grande comunicador, o homem que comunicou o que muita gente não podia transmitir; portanto, democratizou a comunicação. Antes de Chávez, a comunicação estava cativa, sequestrada”.

“Como em muitos outros aspectos desta etapa revolucionária —acrescentou—, Chávez libertou a comunicação, a tornou um jeito de aproximação com o povo, e além do mais, na rua, para que o povo participasse do seu projeto político e das suas ideias”.

“ALÓ, PRESIDENTE”

Em 23 de maio de 1999 o presidente Chávez ocupou os microfones da Rádio Nacional da Venezuela (RNV), e iniciou assim o primeiro de muitos capítulos na sua batalha comunicacional. O “Aló, Presidente” chegou “para levar a voz, para levar a verdade, para levar nossas angústias, nossas impressões “, garantiu naquela vez.

Contam que na manhã desse domingo, seu primeiro dia como jornalista, Chávez atendeu telefonemas, contou anedotas, recitou poemas, e até cantou parte das rancheiras que tanto gostava.

No seguinte “Aló, Presidente” mudou seu formato de rádio para chegar ao público de TV devido aos altos níveis de audiência. Todas as pessoas de cada cantinho da geografia venezuelana desfrutaram ao vivo da convocatória de seu líder de construir, entre todos, a Pátria desde a dinâmica própria dos meios de comunicação.

Segundo dados do Ministério de Comunicação e Informação, até 2012 (data em que saiu do ar), Chávez interagiu graças ao “Aló, Presidente” com pelo menos 8020 cidadãos, respondeu ao vivo 996 telefonemas e recebeu mais de 25 mil cartas.

Ainda, realizou 378 edições desde 259 locais do país, e sete desde outros países, com um total de 1656 horas e 44 minutos de transmissão, o equivalente a 69 dias ininterruptas de conexão direta entre o Presidente e o povo.

Um dos momentos mais transcendentais de “Aló, Presidente” foi o emitido em 29 de outubro de 2000 que teve como primeiro convidado internacional ao líder da Revolução Cubana, Fidel Castro. A esse momento, seguiram depois conversas telefônicas entre ambos líderes em 27 de fevereiro de 2007; e o programa emitido desde o município de Sandino na província de Pinar del Río, dois anos antes, como parte da inauguração de casas construídas com a colaboração da Venezuela.

Outro momento especial em agosto de 2008 em Mesuca, Caracas, foi o do breve diálogo entre Chávez e um menininho que fugiu do seu país e se aproximou dele no programa. Entre os risos do público, lhe ofereceu um pedacinho de biscoito que tinha na sua boca. O presidente a aceitou e disse: “O que é uma criança, veem? A generosidade… Depois vem a sociedade capitalista e nos deixa doentes de egoísmo. Mas ele compartilha o que tem na boca. Abençoadas sejam as crianças “.

CANDANGA COMUNICACIONAL

“Olá, como vai? Apareci como disse: à meia-noite. Pro Brasil eu vou.  E muito feliz de trabalhar pela Venezuela. Venceremos!!”. Com essa mensagem, de 27 de abril de 2010, Chávez estreava na rede social Twitter em tempo integral.

O líder bolivariano foi um dos primeiros presidentes latino-americanos e caribenhos em usar o potencial das redes sociais no que ele próprio qualificou de “ofensiva comunicacional”. Seu usuário @chavezcandanga, em analogia com o termo venezuelano que define uma pessoa rebelde, foi a trincheira desde onde divulgou em 140 caracteres e em tempo real todas as suas atividades. Seu sucesso foi tão grande que é considerado um dos políticos com mais influentes nessa rede.

Chávez se converteu num comunicador por excelência. Nem só estimulou suas ideias desde a plataforma web, senão que participou na fundação do jornal “Correo del Orinoco” em 2009, dos meios comunitários, fez história com um programa de televisão, impulsou a Lei de Meios Comunitários Alternativos e Comunicação Popular. Sua obra está presente nas mais de 300 emissoras comunitárias, uma centena de jornais alternativos e dezenas de canais de televisão.

Chávez rompeu com a hegemonia da informação e defendeu, decididamente, o direito à comunicação de todos.

Tradução: América Latina Palavra Viva

Fonte: http://www.granma.cubaweb.cu/2014/03/04/interna/artic08.html

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