Chade: Marcos de sua independência

 Por Roberto Correa Wilson *.

(Português/Español).

Havana (Prensa Latina) O lago Chade dá nome a esta República localizada geograficamente quase no coração do continente e seus mais de um milhão e meio de quilômetros quadrados estão encerrados nos limites de outros seis Estados: Líbia, Níger, Nigéria, Camarões, Sudão e República Centro-africana.

O Chade não figura entre as nações africanas mais promovidas internacionalmente, pelo que se desconhece no fundamental seu desenvolvimento histórico, cultural, os grupos étnicos e o confronto contra a metrópole colonial que oprimiu a população e saqueou o país.

A hidrografia, dominada pelo lago Chade a 282 metros de altitude, cobre uma superfície de dezesseis mil quilômetros quadrados e é o quarto do continente. O lago deve sua vida aos rios Chari e Logone, que se alimentam pelas chuvas das montanhas dos Camarões e da República Centro-africana, e constituem o nodo de parte das fronteiras ocidentais.

Para sua economia, a nação depende das vias fluviais Benue e Logone, e conta com duas grandes regiões naturais: a saariana, composta pelo grande deserto do norte que cobre meio milhão de quilômetros quadrados, e a zona tropical que abarca 350 mil. Esta última é a região mais rica do país, onde se pratica a agricultura.

O clima é extremamente quente com temperaturas máximas de até 50 graus celsius em Njamena, a capital. Existem cerca de 20 grupos étnicos; os principais são bahirmi, sara, kreich, teda, mbun, maba, toubou, e entre todos falam uns 100 dialetos, ainda que os idiomas oficiais sejam o francês e o árabe.

A multiplicidade de etnias deu origem ao desenvolvimento de formas diversas nas crenças, esculturas, danças, cantos e no modo de vida também variado que em seu conjunto afirmou o caráter e a personalidade do povo chadiano.

RETROSPECTIVA HISTÓRICA

A civilização sudanesa na qual se encontra a região foi assim chamada por ter tido no Sudão sua Idade de Ouro -por Sudão se denominava a extensa zona de savanas ao sul do deserto do Saara desde o Senegal no oeste até o atual Sudão no leste.

Compunha-se de estados a cuja cabeça se encontravam reis a quem se rendiam honras divinas e lhes atribuíam iguais poderes. Esses estados compreendiam um ou mais reinos no centro e em outros menores dispersos pela periferia. Em geral, todos mostravam uma estrutura política mais ou menos centralizada.

Um desses estados, o reino de Karen, foi fundado aproximadamente no século IX ao norte do lago Chade. Estava muito relacionado com o Borne, estabelecido na costa sul do mesmo lago, no território da atual Nigéria, mantendo entre ambos vínculos econômicos muito estreitos.

A introdução do Islã, desde a segunda metade do século XI, serviu como motor de fusão entre os reinos da região, fundamentalmente sob o mandato do sultão de Oume (1085-1097).

A expansão árabe pelo norte da África chegou até o reino de Karen no século XIV, quando estes ocuparam a parte norte deste território, onde se estabeleceram, influindo notavelmente na cultura dos habitantes da região.

EUROPEUS

Os primeiros europeus chegaram ao país em 1897, quando uma expedição que seguia até o Congo, com o fim de unir comercialmente esses territórios com a bacia mediterrânea, fez contato com o reino de Karen. Um acordo assinado entre a França e o Reino Unido nesse ano garantiu a Paris a presença na região, sobretudo na parte norte do lago.

A conquista e colonização francesa não foi fácil devido à resistência que opôs o norte islâmico da região, o qual lograra uma unidade religiosa relativamente forte.

O sul do país com um clima tropical úmido, à diferença do semidesértico do norte, com consideráveis recursos naturais e uma fragmentação política pelas crenças animistas de seus habitantes, foi selecionado como assentamento pelos colonialistas franceses.

SÉCULO XX

Na segunda década do século XX, a rebelião da população foi dominada principalmente pela superioridade das armas coloniais e um maior domínio da arte militar das tropas estrangeiras e a França completou a ocupação total do território chadiano.

Como a maioria dos territórios da África Ocidental Francesa, da qual fez parte, não escapou do esforço de guerra exigido por Paris a suas colônias durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o que significou um aumento da exploração e do saque das riquezas.

Em pleno desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o general Charles de Gaulle proclamou a França Livre e anunciou a resistência contra a ocupação alemã. Soldados chadianos, como parte dos combatentes africanos, brigaram junto aos das metrópoles.

Com o fim da guerra, os combatentes levaram a seus países as ideias democráticas e anticolonialistas. O movimento nacionalista tomou vigor em 1947 com a criação do Partido Progressista Chadiano.

A França tratou de frear as aspirações independentistas com medidas como a autonomia parcial da colônia, abolição do trabalho forçado e o Código do Indigenato, versões de um sistema escravista.

Com a criação da Assembleia Territorial com participação nativa, os colonialistas trataram de impedir a libertação do Chade.

Mas o protestos continuaram e Paris viu-se obrigada a ceder. A 11 de agosto de 1960, o Chade obteve a independência da França.

*Jornalista cubano especializado em política internacional, tem sido corresponsável em vários países africanos e é colaborador da Prensa Latina.

Chad: Hitos de su independencia

Por Roberto Correa Wilson *.

La Habana (PL) El lago Chad da nombre a esta República ubicada geográficamente casi en el corazón del continente y sus más de un millón y medio de kilómetros cuadrados están encerrados en los límites de otros seis Estados: Libia, Níger, Nigeria, Camerún, Sudán y República Centroafricana.

Chad no figura entre las naciones africanas más promocionadas internacionalmente, por lo cual se desconocen en lo fundamental su desarrollo histórico, cultural, los grupos étnicos y el enfrentamiento a la metrópoli colonial que oprimió a la población y saqueó al país.

La hidrografía, dominada por el lago Chad a 282 metros de altitud, cubre una superficie de dieciséis mil kilómetros cuadrados y es el cuarto del continente. El lago debe su vida a los ríos Chari y Logone, que se alimentan por las lluvias de las montañas de Camerún y República Centroafricana, y constituyen el nudo de parte de las fronteras occidentales.

Para su economía, la nación depende de las vías fluviales Benue y Logone, y cuenta con dos grandes regiones naturales: la sahariana, compuesta por el gran desierto del norte que cubre medio millón de kilómetros cuadrados, y la zona tropical que abarca 350 mil. Esta última es la región más rica del país, donde se practica la agricultura.

El clima es extremadamente caluroso con temperaturas máximas de hasta 50 grados celsius en Njamena, la capital. Existen cerca de 20 grupos étnicos; los principales son bahirmi, sara, kreich, teda, mbun, maba, toubou, y entre todos hablan unos 100 dialectos, aunque los idiomas oficiales son el francés y el árabe.

La multiplicidad de etnias dio origen al desarrollo de formas diversas en las creencias, esculturas, danzas, cantos, y en el modo de vida también variado que en su conjunto han afirmado el carácter y la personalidad del pueblo chadiano.

VISTAZO HISTÓRICO

La civilización sudanesa en la que se enmarcaba la región fue llamada así por haber tenido en el Sudán su Edad de Oro -por Sudán se denominaba la extensa zona de sabanas al sur del desierto del Sahara desde Senegal en el oeste, hasta el actual Sudán en el este.

Se componía de estados a cuya cabeza se encontraban reyes a quienes se rendían honores divinos y se les atribuían iguales poderes. Esos estados comprendían uno o más reinos en el centro y otros más pequeños diseminados por la periferia. En general, todos mostraban una estructura política más o menos centralizada.

Uno de esos estados, el reino de Karen, fue fundado aproximadamente en el siglo IX al norte del lago Chad. Estaba muy relacionado con el Borna, establecido en la costa sur del mismo lago, en el territorio de la actual Nigeria, manteniendo entre ambos vínculos económicos muy estrechos.

La introducción del Islam, desde la segunda mitad del siglo XI, sirvió como motor de fusión entre los reinos de la región, fundamentalmente bajo el mandato del sultán de Oume (1085-1097).

La expansión árabe por el norte de Africa llegó hasta el reino de Karen en el siglo XIV, cuando estos ocuparon la parte norte de este territorio, donde se establecieron, influyendo notablemente en la cultura de los habitantes de la región.

EUROPEOS

Los primeros europeos llegaron al país en 1897, cuando una expedición que se encaminaba hasta el Congo, con el fin de unir comercialmente esos territorios con la cuenca mediterránea, hizo contacto con el reino de Karen. Un acuerdo firmado entre Francia y Reino Unido ese año garantizó a París la presencia en la región, sobre todo en la parte norte del lago.

La conquista y colonización francesa no resultó fácil debido a la resistencia que opuso el norte islámico de la región, el cual había logrado una unidad religiosa relativamente fuerte.

El sur del país con un clima tropical húmedo, a diferencia del semidesértico del norte, con considerables recursos naturales y una fragmentación política por las creencias animistas de sus habitantes, fue seleccionado como asentamiento por los colonialistas franceses.

SIGLO XX

Para la segunda década del siglo XX, la rebelión de la población fue dominada principalmente por la superioridad de las armas coloniales y un mayor dominio del arte militar de las tropas extranjeras, y Francia completó la ocupación total del territorio chadiano.

Como la mayoría de los territorios de Africa Occidental Francesa, de la que formó parte, no escapó el esfuerzo de guerra exigido por París a sus colonias durante la Primera Guerra Mundial (1914-1918), lo cual significó un aumento de la explotación y el saqueo de las riquezas.

En pleno desarrollo de la Segunda Guerra Mundial (1939-1945), el general Charles de Gaulle proclamó la Francia Libre y anunció la resistencia contra la ocupación alemana. Soldados chadianos, como parte de los combatientes africanos, pelearon junto a los de las metrópolis.

Con el fin de la guerra, los combatientes llevaron a sus países las ideas democráticas y anticolonialistas. El movimiento nacionalista tomó vigor en 1947 con la creación del Partido Progresista Chadiano.

Francia trató de frenar las aspiraciones independentistas con medidas como la autonomía parcial de la colonia, abolición del trabajo forzado y el Código del Indigenado, versiones de un sistema esclavista.

Con la creación de la Asamblea Territorial con participación nativa, los colonialistas trataron de impedir la liberación de Chad.

Pero los reclamos continuaron y París se vio obligado a ceder. El 11 de agosto de 1960, Chad obtuvo la independencia de Francia.

*Periodista cubano especializado en política internacional, ha sido corresponsal en varios países africanos y es colaborador de Prensa Latina.

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