Cesta básica aumenta até 34,13% em 12 meses, aponta Dieese

Em agosto, itens básicos da alimentação registraram elevação em 13 das 17 capitais pesquisadas. Como resultado, o brasileiro está comendo mal e menos

Café e açúcar contribuíram com alta da cesta básica, enquanto que arroz e feijão tiveram queda, em função da redução do consumo. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O custo médio da cesta básica aumentou no mês passado em 13 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, de acordo com levantamento divulgado nesta quarta-feira (8). No acumulado do ano, os preços sobem em 14 cidades. Em 12 meses, a cesta subiu em todas, com aumentos que oscilaram entre 11,90%, em Recife, e 34,13%, em Brasília.

Apenas em agosto, as maiores altas foram registradas em Campo Grande (3,48%), Belo Horizonte (2,45%) e Brasília (2,10%). As únicas quedas foram apuradas em Aracaju (R$ 456,40) e Salvador (R$ 485,44). De janeiro a agosto, o preço médio dos alimentos subiu em 16 capitais pesquisadas.

A cesta mais cara foi a de Porto Alegre (R$ 664,67), seguida pelas de Florianópolis (R$ 659,00), São Paulo (R$ 650,50) e Rio de Janeiro (R$ 634,18). Os menores valores foram registrados em Aracaju (R$ 456,40) e Salvador (R$ 485,44).

De acordo com a coordenadora de pesquisas do Dieese, Patrícia Costa, eventos climáticos bruscos, como geadas no Sul e a seca no Sudeste, afetaram a produção de diversos alimentos, contribuindo para a alta de alguns produtos no mês de agosto.

O quilo do café em pó, por exemplo, subiu em 17 capitais, com altas oscilando entre 0,71%, em Recife, e 24,78%, em Vitória. O preço do açúcar também registrou elevação em 16 dos principais centros. Os maiores aumentos ocorreram em Florianópolis (10,54%), Curitiba (9,03%), Belo Horizonte (5,61%) e Recife (5,01%).

A redução nas pastagens, segundo a especialista, também provocou aumento nos preços do leite e derivados. A redução da oferta do produto causou disputa acirrada entre as indústrias de laticínios. As maiores altas do leite foram observadas em Aracaju (5,70%), João Pessoa (2,41%), Salvador (2,20%) e Rio de Janeiro (2,01%). Já a manteiga teve os principais aumentos em Curitiba (4,57%), Salvador (4,20%) e São Paulo (3,04%).

Arroz e feijão em queda

Patrícia também destaca que os preços do arroz e do feijão começam a arrefecer. Isso porque as sucessivas altas no último período começaram a inibir o consumo, em função do empobrecimento das famílias.

O preço do feijão recuou em 13 capitais. O tipo carioquinha registrou queda entre -3,94%, em Campo Grande, e -0,11%, em Fortaleza. No entanto, altas ocorreram em Belo Horizonte (1,41%), São Paulo (0,58%) e Salvador (0,54%). Já o feijão preto diminuiu em Curitiba (-6,93%), Vitória (-3,89%), Florianópolis (-3,10%) e Rio de Janeiro (-2,61%). Já o preço do quilo do arroz recuou em 13 capitais, com quedas que variaram entre -7,67%, em Aracaju, e -0,54%, em Fortaleza.

“Essa redução se dá principalmente por conta da queda da demanda. O feijão vem num preço muito alto, e a população brasileira busca substitutos. No caso do arroz, a mesma coisa, redução da demanda por causa dos altos níveis de preços. O brasileiro vem comendo menos e comendo mal, buscando substituição. A carne bovina de primeira também registrou queda, por conta da dificuldade que o brasileiro tem em comprar”, disse Patrícia, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quinta (9).

Salário mínimo e cesta básica

Com base na cesta mais cara, a de Porto Alegre, o Dieese estima que o salário mínimo necessário, em agosto, deveria ser equivalente a R$ 5.583,90. O cálculo uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. Esse valor fixado pela pesquisa é 5,08 vezes maior que o salário mínimo nacional vigente, de R$ 1.100,00. Por outro lado, como efeito de comparação, em abril de 2015, o mínimo necessário era 4,13 vezes maior que o valor oficial, o que demonstra a deterioração do poder de compra das famílias nos últimos anos.

“E essa deterioração é crescente”, segundo Patrícia. “Porque não tem perspectivas de resolver a questão da inflação, muito menos a do mercado de trabalho, uma vez que não se vê políticas sendo feitas para que o Brasil possa entrar numa rota de crescimento. Tudo o que se vê são tentativas de flexibilizar cada vez mais os direitos dos trabalhadores”, criticou.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.