O primeiro projeto de construção do Centro Integrado de Cultura de Florianópolis, o CIC, apresentado pelos arquitetos Marcos Fiuza, Andrea Mattosinho Fiuza, Ilda Werner Inda, Isnard Azevedo e Thais Helena Abrahão dos Santos, há mais de 30 anos, propunha um centro integrado duas vezes maior que o atual. A localização também seria outra: no aterro da baía sul, onde atualmente se encontra o Ticen (Terminal de Integração do Centro).
“O projeto inicial era mais quadrado, mais cubista, mas com o mesmo tipo de construção. Teria 20 mil m² e os espaços bem maiores do que são atualmente”, afirma o arquiteto Marcos Fiuza. Segundo a primeira proposta, o CIC seria como uma praça central, com teatro e escola de artes cênicas, dança, música e artes, bibliotecas para crianças e adultos, um lago central com espelho d’água. “Teriam vários prédios que convergiriam para uma praça central”, lembra ele.
Natural de Uberaba (MG), Fiuza veio para Florianópolis em 1975. O CIC foi uma de suas obras mais importantes – ao longo da carreira desenvolveu projetos nas áreas hospitalar e de hotelaria e há 25 anos é sócio num escritório de arquitetura. Na época ele trabalhava para o extinto DAE (Departamento Autônomo de Edificações), atualmente o Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura), então responsável pelos projetos de construções dos prédios públicos de Santa Catarina.
Proposta de um centro cultural no Centro com 20 mil m² foi cortado
A ideia de levar para o Centro da cidade um espaço que deveria ser mais acessível a maior parte da população foi cortado pela metade. Dos 20 mil m² planejados ficaram 9.993 m². Além do tamanho reduzido, o terreno escolhido acabou sendo o da Trindade. “Mandaram cortar pela metade porque não tinha dinheiro”, diz o arquiteto Marcos Fiuza.
Segundo ele, outro argumento do governo da época para mudar o CIC de lugar era porque o arquiteto carioca Burle Marx (1909 – 1994) havia previsto outro projeto no aterro da baía sul – projeto que foi executado parcialmente, em vez disso, o terreno deu lugar ao terminal de ônibus. “O CIC nessa região seria uma maneira de valorizar o Centro de Florianópolis”, opina Fiuza.
Além disso, haveria espaço para maior número de salas onde poderiam ser ministradas oficinas nas áreas de artes visuais, cênicas, dança, música e outras. “São as oficinas que movimentam e levam as pessoas para dentro de centros culturais”, complementa Fiuza.
Oficinas são a alma do CIC
Desde a criação do CIC, o assunto o qual todos os funcionários mais antigos da casa concordam é sobre o sucesso das Oficinas de Artes. Carlos Roberto Nascimento de Oliveira, 52, é professor de gravuras na instituição, um dos primeiros ofícios ensinados em oficinas, junto com cursos de materiais e serigrafia. “No começo tinha pouca procura. Já hoje tem até lista de espera”, diz. Ele lembra de artistas que se consagraram na cena catarinense e que começaram nas oficinas do CIC, como Paulo Gaiad.
As Oficinas de Arte foram criadas por José Silveira d’Ávila em 1981, então diretor do Masc (Museu de Arte de Santa Catarina) que funcionava na época no prédio da Alfândega, no Centro de Florianópolis. A gravura foi o núcleo inicial, com pesquisa em litografia, seguida por xilogravura, desenho e tapeçaria. Em 1983, com a transferência do Museu para o prédio do CIC, as Oficinas de Arte ganharam finalmente espaço adequado.
Reabertas em 2011, depois de terem as atividades interrompidas em decorrência da reforma do prédio, as Oficinas de Arte atualmente são gratuitas. No segundo semestre de 2012, cinco cursos estão em andamento: Composição e Teoria das Cores, Livro de Artista, História da Pintura, Oficina da Palavra 2 e Desenho de Observação 2.
Finalização das obras ainda não tem prazo
Depois da conclusão das obras no teatro Ademir Rosa, a ala norte do CIC ainda precisa passar por uma reforma, ainda sem prazo de conclusão. A restituição de um espaço de convivência está previsto, mas até então não há nada confirmado.
Saiba mais
O nome oficial do CIC é Henrique da Silva Fontes (1885 – 1966), homenagem ao professor ligado à fundação da Universidade Federal de Santa Catarina.
Foto: Marco Santiago / ND
Fonte: ND Online.