Segundo matéria publicada em O Bastidor, o aumento da pobreza, a dificuldade do mercado de gerar emprego e renda, a falta de investimentos públicos e a proximidade do período eleitoral se tornaram instrumento de pressão política pela demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes.
A novidade, além do reforço da conjuntura econômica, está no fato de o presidente Jair Bolsonaro já não defender mais, a quem pede a cabeça do ministro, a sua permanência à frente da Economia.
Antes, sempre que reclamavam de Guedes, Bolsonaro dizia que mantê-lo no cargo era fundamental para a credibilidade do governo com o mercado.
No início da semana, em um de seus encontros com aliados, o presidente apenas ficou calado, ouvindo os argumentos e, com alguns deles, como sobre a necessidade de o governo investir em obras, Bolsonaro chegou a concordar.
Por trás do desgaste de Guedes está o presidente da Câmara, Arthur Lira. Ele não pediu a Bolsonaro a cabeça do ministro.
Mas apontou as dificuldades na Economia de forma sutil e, nem tão sutil, indicou que a política econômica atual apresenta riscos à reeleição do presidente.
Um mês atrás, Lira reclamou da tentativa de Guedes de articular diretamente com a oposição para aprovar a reforma do Imposto de Renda. Bolsonaro atendeu, Guedes recuou e Lira aprovou o projeto, que agora tramita no Senado.
Ainda assim, as intervenções do presidente da Câmara tendem a ser mais sutis. Lira se aproveita da influência sob parlamentares do centrão para que, eles sim, cobrem de Bolsonaro o cargo de Guedes.
O argumento é o mesmo: Guedes atrapalha o crescimento, não acredita na necessidade de investimento público, o que na opinião dos parlamentares gera emprego, e é socialmente insensível.
O presidente é constantemente lembrado dos 200 reais inicialmente oferecidos pelo ministro da Economia como auxílio emergencial.
A revelação de que Guedes tem uma offshore serviu de combustível político para aumentar a fritura do ministro. Há pouco (quarta à tarde), o plenário da Câmara aprovou, por 310 votos favoráveis, a convocação de Guedes para prestar esclarecimentos sobre o assunto à Casa. Lira, mais uma vez, endossou silenciosamente o movimento, tocado publicamente pela oposição.
Segundo O Bastidor, o centrão sempre quis mais cargos do que vem sendo ofertado no primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro, que, muito em função de Guedes, vem resistindo.
O plano de Lira e do centrão é fatiar o superministério da Economia criado por Guedes.
O PL reivindica o Ministério dos Transportes, atualmente uma secretaria no Ministério da Infraestrutura, o Turismo ou Meio Ambiente. O PTB não esqueceu do Ministério do Trabalho, que está com ministro Onyx Lorenzoni.
O Republicanos, de Marcos Pereira e ligado à Universal, cobra o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que é uma secretaria do Ministério da Economia. No PP, há interesse no Planejamento – um dos candidatos à vaga é o deputado Nivaldo Albuquerque, próximo a Lira.