Centrais já se articulam por apoio a Haddad no segundo turno

Foto: Roberto Parizotti/CUT.

Por Vitor Nuzzi.

São Paulo – Definido o segundo turno presidencial entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), as centrais se organizam para a campanha e devem apoiar o petista, identificando em seu adversário a continuação dos efeitos negativos da lei da “reforma” trabalhista e perseguição ao movimento sindical. No primeiro turno, CUT e CTB já apoiavam Haddad, enquanto dirigentes da Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central estavam, majoritariamente, com Ciro Gomes (PDT). Dirigentes se reunirão amanhã (9) em São Paulo.

A Força indicou aos filiados apoio a Haddad. Hoje pela manhã, sindicalistas da central se reuniram em São Paulo e decidiram procurar a coordenação das campanhas de Haddad e também de Márcio França (PSB), governador paulista, “para eventual apoio diante do fortalecimento da luta por uma sociedade mais justa”. França cresceu na reta final da campanha, superou Paulo Skaf e chegou ao segundo turno, para enfrentar o tucano João Doria.

“Se formos estreitos e partidários, perderemos”, afirmou o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna. “Nossa pauta precisa ser ampla, com prioridades para o emprego, os direitos e a organização da classe trabalhadora.” O presidente licenciado da central, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD), que conseguiu a reeleição, apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno.

Durante todo o dia de hoje (8), o presidente da UGT, Ricardo Patah, se dedica a conversar com dirigentes da entidade para discutir um posicionamento e, posteriormente, buscar com as demais centrais “um caminho mais próximo de uma unidade”. Ele apoia o nome da Haddad como alternativa de “resgate daquilo que foi violentado na estrutura sindical”, mas pondera que é preciso primeiro fazer a discussão interna.

“Temos de buscar uma candidatura que valorize as pessoas, não discrimine homens, mulheres, LGTB, valorize a inclusão”, afirmou Patah.

Candidato a senador pelo PDT, o presidente licenciado da CSB, Antonio Neto – que reassumirá o cargo nesta semana –, considera que o momento é de avaliação. “Combatemos o bom combate. A onda conservadora do mundo também caiu no Brasil, e foi incorporado pelo Jair Bolsonaro e sua trupe. Isso mostra que o povo ficou zangado, decepcionado com os últimos acontecimentos.” Para ele, o candidato do PSL conseguiu catalisar essa insatisfação, na medida em que os governos de centro-esquerda não conseguiram resolver os problemas e também ficaram maculados por escândalos. Neto espera por um ciclo de “muita instabilidade”, seja qual for o vencedor. “Temos quatro anos para aprender.”

A central ainda vai discutir seu posicionamento no segundo turno. “De minha parte, posso dizer que fascismo não, porque é muito perigoso”, afirmou Neto, acrescentando que isso não significa apoio automático a Haddad. Ele se disse “honrado” com os 358.342 votos recebidos e lembrou que este é momento de reorganização do PDT em São Paulo.

O presidente da CTB, Adilson Araújo, lembrou que na semana passada as centrais já haviam se reunido para discutir a mobilização em caso de retomada da tramitação do projeto de “reforma” da Previdência. Ele avalia que a reunião de amanhã cedo também deve discutir a unidade em torno da candidatura Haddad, “a única que se aproxima de um projeto democrático e popular, da agenda prioritária da classe trabalhadora”.

“Depois de um longo período de polarização entre o PSDB e o PT, desta vez estamos correndo risco de um grave retrocesso”, afirmou Adilson, considerando a candidatura Bolsonaro “ultraliberal e fascista”, um aprofundamento de reformas prejudiciais aos trabalhadores e de um processo, já iniciado por Temer, de “entrega de riquezas”. Ele defende a revogação da Emenda Constitucional 95, de congelamento dos gastos públicos, e da lei de “reforma” trabalhista.

Segundo o líder da CTB, durante o governo Lula o Brasil “ocupou posição de destaque no cenário internacional, se projetando política e economicamente”. E foram criados “espaços de diálogo social, as pessoas puderam ser ouvidas e contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas”.

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