Em reunião na sede do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), na capital paulista, na manhã de sexta-feira (20), dirigentes das principais centrais sindicais brasileiras definiram um calendário de ações contra as reformas da Previdência e trabalhista.“É importante dar um salto de qualidade na questão da mobilização – nenhum assunto afeta tão negativamente a classe trabalhadora quanto estas mudanças na Previdência. Esta PEC é para judiar, vai atingir quem está e quem não está no sistema. Temos de trabalhar para uma paralisação geral”, disse Wagner Gomes, secretário-geral da CTB, no início da reunião.
A agenda consensual eleita no encontro abrange os próximos dois meses e tem o objetivo de construir um movimento de resistência às reformas da Previdência e trabalhista, com seminário, jornada de debates, mobilização em Brasília, culminando com uma paralisação nacional na segunda quinzena de março. “As lutas contra as reformas e o enfrentamento do desemprego são os eixos centrais da mobilização unitária do movimento sindical. Com ênfase no combate ao desmonte da previdência pública”, diz o vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana.
O presidente dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Miguel Torres, também levou em consideração a questão do desemprego: “Todos os níveis de governo podem adotar ações desenvolvimentistas, gerando emprego e renda. Uma cidade como São Paulo tem peso nacional. Políticas corretas adotadas aqui podem repercutir na Grande São Paulo e em todo o país”, avaliou. O diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Flavio Godoi, membro da direção plena da CTB, afirmou que o setor de transportes também trabalha na construção de uma paralisação em nível nacional. Lideranças da CTB, CUT, UGT, CGTB, CSB, Intersindical e Força Sindical aprovaram o seguinte calendário:
Fevereiro
7 e 8: Seminário Nacional da Previdência Social
21: Lançamento da Jornada de Debates
22: Mobilização no Congresso Nacional contra as reformas
E no mês de março, em data a ser definida, será o Dia Nacional de Paralisação.
Neste período, as centrais sindicais trabalharão junto a suas bases uma contraofensiva da informação oficial – o objetivo é desconstruir o discurso alardeado em propagandas do governo pelo rádio, TV e redes sociais de que a reforma da Previdência é fundamental e inevitável, ainda que estas informações sejam amplamente contestadas por economistas e técnicos da área.
Aliás, nota técnica divulgada nesta quinta-feira (18) pelo Dieese, “PEC 287: a minimização da Previdência pública”, detalha as mudanças na Previdência, passo a passo, e dá a justa dimensão de seu impacto na vida dos brasileiros de forma geral e das mulheres, idosos e da população da área rural. “O mais importante é que cada sindicato faça o debate com sua própria categoria. São dois meses para o trabalho de convencimento de que estas reformas não vão ajudar a classe trabalhadora, mas piorar a sua condição. São dois meses para que os trabalhadores dirijam às reformas da Previdência e trabalhista a mesma insatisfação que os fazem protestar por aumento salarial”, ponderou, ao final da reunião, o dirigente da CTB Eduardo Navarro. Próximo encontro está marcado para o dia 26, na sede dos Eletricitários-SP, quando deverá ser definido um conjunto de propostas.
Fonte: Portal Vermelho.