A resistência de um povo sob dominação estrangeira é legítima e merece a nossa solidariedade. Por isso, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) acompanha de perto a situação na Palestina desde que o Hamas decidiu lançar uma ofensiva da Faixa de Gaza contra Israel neste sábado, 7. Os combatentes conseguiram derrubar parte da cerca instalada por Israel para manter presas mais de dois milhões de pessoas num território densamente habitado e frequentemente devastado em sucessivas ofensivas israelenses, infiltrando o território israelense (ou escapando da prisão), além de lançarem mísseis contra cidades como Ashkelon e Tel Aviv.
No momento, a ofensiva está em andamento e Israel declarou guerra total contra os palestinos, ameaçando Gaza com consequências inimagináveis. Mais de 700 israelenses e 400 palestinos já foram mortos apenas nestes dois dias de guerra.
A mídia internacional, como de costume, trata a ação palestina como terrorismo enquanto justifica quaisquer medidas tomadas por Israel como autodefesa. Israel expande as suas colônias em Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, mantém Gaza sob bloqueio total há 17 anos e o seu exército continua acobertando crescentes ataques de colonos contra os palestinos enquanto invade comunidades e campos de refugiados como o de Jenin, matando e ferindo. Desde o começo de 2023, o mais letal desde 2006, segundo a ONU, mais de 230 palestinos foram mortos e há mais de 5.200 presos, mais de 1.200 sem acusação formal ou julgamento, inclusive 170 crianças.
Se o governo de Benjamin Netanyahu teve de instaurar um estado de emergência temporário para conter o avanço dos palestinos sobre o território, é preciso ressaltar que é neste estado que os palestinos vivem não só desde a criação do Estado de Israel em 1948 como desde o Mandato Britânico, no início do século 20, que possibilitou a implantação do sionismo na Palestina.
Que haja surpresas quanto à histórica iniciativa é sinal apenas de que foram menosprezados os apelos dos palestinos e Israel sentiu-se empoderado e assegurado pelos seus aliados nos EUA e na União Europeia enquanto comete os crimes de guerra e crimes contra a humanidade em que sustenta o seu regime de apartheid e colonização da Palestina.
Enquanto reafirmamos a legitimidade das ações de resistência palestina, ressaltamos que o acúmulo de mortes, feridos e a destruição já atingindo dimensões recordistas, são inteiramente de responsabilidade de Israel e dos seus patrocinadores. A inação diante do sofrimento do povo palestino, que vive num constante estado de exceção e catástrofe, nos territórios ocupados, em Israel e nos campos de refugiados na vizinhança, só poderia culminar, mais cedo ou mais tarde, neste cenário.
A paz só poderá ser alcançada garantindo-se ao povo palestino o direito ao seu Estado Nacional da Palestina, independente e soberano.
Direção Nacional do CEBRAPAZ
8 de outubro de 2023