O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) soma-se às diversas entidades solidárias ao povo saaráui na mais veemente condenação dos brutais episódios de repressão das manifestações em El Aaiun, capital do Saara Ocidental ocupado pelo Marrocos, em 20 de julho. No episódio, a polícia marroquina atropelou e matou a jovem Sabah Othman Ahmeida (Injourni), de 24 anos de idade, tardando a prestar-lhe atendimento médico. Sabah morreu mais tarde, no hospital.
Diversos relatos e imagens chocantes têm sido difundidas pelos valentes saaráuis que gravaram o ocorrido, mostrando a brutalidade da repressão marroquina, com o uso de munição letal, o espancamento dos manifestantes e o atropelamento, como o que vitimou a jovem Sabah. São, porém, táticas recorrentes, o que demonstra a gravidade da situação do povo saaráui sob ocupação e colonização marroquina do seu território.
A manifestação de 20 de julho foi massiva e expressiva do anseio do povo saaráui pela libertação da sua nação. Teve como motivo a vitória da Argélia nos Jogos Africanos, mas os saaráuis também levantaram suas bandeiras reivindicando a implementação do seu direito à autodeterminação. Após o ocorrido, ativistas, diplomatas, jornalistas e líderes da Frente Polisário têm reiterado o apelo que fazem há muito pela proteção da população sob ocupação militar, denunciando a falta de um mandato para tal na Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (MINURSO).
A MINURSO foi estabelecida em 1991 para realizar a consulta, mas até hoje não pôde cumprir sua função. A inclusão de um mandato de monitoramento da situação dos direitos humanos dos saaráuis tem sido sistematicamente impedida, especialmente pelo aliado marroquino no Conselho de Segurança da ONU, a França. Enquanto isso, os saaráuis esperam à mercê das forças de ocupação marroquina, ou no refúgio no deserto argelino, ou ainda no exílio, lutando pelo cumprimento da promessa de autodeterminação e descolonização, processo pendente desde que a Espanha se retirou da ex-colônia e a entregou, ao arrepio do direito internacional, ao Marrocos.
O CEBRAPAZ soma-se a todas as entidades e personalidades solidárias ao povo saaráui no repúdio contundente a mais esse episódio de repressão e lamenta a morte da jovem Sabah, ao tempo em que apoia incondicionalmente o apelo dos saaráuis pela implementação do referendo de autodeterminação e, enquanto isso, a garantia de proteção da população sob ocupação.
Pelo fim da ocupação marroquina do Saara Ocidental, já!
Antônio Barreto
Presidente do Cebrapaz