O sangue de pessoas pretas escorria de dentro do caveirão.
A imagem não chamou a atenção das autoridades, nem chamará.
Mata-se, simples assim, mata-se por serem pretos, pobres e indígenas.
Nada mais comove os de cima, com seus corpos e vaidades protegidos, prazeres, honrarias e o soldo de todos os dias.
Se divertem prazerosamente nos ambientes de luxo, luxurias, luzes e mordomias.
Há pompas e circunstâncias nos salões do Poder a serem compartilhadas com os neobandeirantes.
Elite escravista que empodera uma minoria com farta distribuição de migalhas, cargos, eventos e cirandas.
E sobram racismo, infâmia, a dor recorrente e o sangue preto e indígena a regar à terra e os becos das periferias.
Não se vislumbra, nos ambientes de poder, sentimento de compaixão, mas haverá sempre um caveirão à disposição.
Porto Alegre, 08 de agosto de 2023.