O atual presidente da Casa, Henrique Alves (PMDB), declarou que ação “constrangedora” fica para o seu sucessor
Por Marcelo Hailer.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), declarou nesta quinta-feira (18) que a decisão de arquivar ou dar continuidade ao processo de cassação do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) ficará a cargo do próximo presidente da Câmara dos Deputados.
Henrique Alves revelou que o processo aberto pelo Conselho de Ética contra Bolsonaro não chegou à mesa diretora e que será uma tarefa “constrangedora, mas necessária do futuro do comando desta Casa. Ainda não chegou à Mesa. Não chegará à Mesa. O Conselho de Ética terá que se reunir, apreciar e encaminhar. Eu acho que ele (Conselho de Ética) não vai se reunir”, disse o deputado ao G1.
O recesso da Câmara dos Deputados termina em fevereiro, quando deve se dar a disputa pela presidência da Casa. Dois nomes disputam: Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP). Se a presidência da Câmara ficar com Chinaglia, há a tendência de que o processo de cassação contra Bolsonaro vá adiante, pois, o deputado petista não vai poder se furtar em uma ação que envolve diretamente uma colega de bancada, a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Agora, se o deputado do PMDB ganhar a disputa, é praticamente fato o arquivamento da ação. O histórico político do parlamentar é autoexplicativo.
Em entrevista à Fórum, o advogado especialista em Direitos Humanos, Dimitri Sales, declarou que não acredita na cassação de Jair Bolsonaro e que, apenas “muita mobilização popular” é que fará com que o parlamentar seja cassado. “Precisaríamos mobilizar muito a sociedade, no estilo do que foi a votação da “cura gay”, que todo mundo foi para as ruas e resultou na retirada da pauta no Congresso Nacional. Eu não acho que a gente consiga essa mobilização, por conta disso. Agora, essa minha avaliação não impede que a gente grite e mostre para a sociedade que esse cara é um maluco e que esse tipo de postura não pode ser aceita”, disse.
“Você não merece ser estuprada”
Em sessão sobre o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a deputada federal Maria do Rosário foi ao plenário defender os trabalhos finais da Comissão da Verdade e criticar os crimes de tortura. Posteriormente, Jair Bolsonaro tomou a palavra para defender os militares e pediu que a parlamentar permanecesse. Aos gritos, disse que não a estupraria porque ela “não merece”.
PT, PSOL, PCdoB e PSB entraram com uma ação coletiva no Conselho de Ética onde pedem a cassação de Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar. Maria do Rosário entrou com uma queixa crime contra o parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF).
Por fim, é preciso lembrar que Jair Bolsonaro é reincidente, pois, em 2003 empurrou e chamou a deputada Maria do Rosário de “vagabunda”. À época, os processos foram arquivados. Se o Congresso arquivar ou votar pela não cassação de Bolsonaro vai apenas confirmar que coaduna ou, no mínimo, é cúmplice das atitudes e posições políticas do deputado.