Nunca se mostra as cartas ao adversário, mas foi isso mesmo que a Casa Branca fez esta quarta-feira. A equipe do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enganou-se e enviou um e-mail a congressistas democratas com os argumentos que sustentam a sua estratégia para lidar com o escândalo da conversa com o Presidente ucraniano, Volodimir Zelenskii.
A Casa Branca ainda tentou cancelar o envio do e-mail, mas sem sucesso. E nas redes sociais não faltaram democratas a fazer piadas sobre o sucedido, com outros tantos a denunciarem o que dizem ser “mentiras orwellianas”. “São completas mentiras orwellianas e lixo tóxico, mas talvez as queiram ler para apreciar a corrupção. Talvez seja necessário um fato anti-radiação”, comentou no Twitter Bill Pascrell Jr., congressista democrata por Nova Jérsia.
The trump White House just accidentally sent our office their talking points for deflecting trump’s treachery. They’re complete Orwellian lies and toxic trash, but maybe you’d like to read them to appreciate their corruption! Hazmat ?? suit possibly required. pic.twitter.com/twcYGkcO7h
— Bill Pascrell, Jr. (@BillPascrell) September 25, 2019
“Gostaria de agradecer à Casa Branca por me enviarem os pontos sobre como melhor ultrapassar o desastroso telefonema Trump/Zelenskii”, escreveu no Twitter o congressista democrata Brendan Boyle. “No entanto, não os irei usar. Vou-me limitar-me à verdade. Mas muito obrigado”.
I would like to thank @WhiteHouse for sending me their talking points on how best to spin the disastrous Trump/Zelensky call in Trump’s favor. However, I will not be using their spin and will instead stick with the truth.
But thanks though.— US Rep Brendan Boyle (@RepBrendanBoyle) September 25, 2019
O e-mail intitulava-se “O que precisa de saber: a conversa entre o Presidente Trump e o Presidente Zelenskii” e apresentava os argumentos que os aliados da Casa Branca deveriam usar para proteger o chefe de Estado norte-americano. O correio electrónico tecia uma linha entre mitos e factos e reiterava que a conversa entre os dois chefes de Estado foi “completamente apropriada”, argumentando que Trump não “procurou ‘interferência’ externa em eleições norte-americanas”.
O Presidente, continua o e-mail, apenas referiu Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama e o candidato democrata melhor colocado nas primárias democratas, depois de Zelenskii o fazer. Porém, o resumo oficial da conversa diz o contrário: foi Trump quem começou a falar de Biden e até sugeriu que o chefe de Estado ucraniano entrasse em contacto com o procurador-geral, William P. Barr, ou com o seu advogado pessoal, Rudolph W. Giuliani.
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Além disso, o e-mail aponta baterias ao denunciante ao contestar que a denúncia foi feita “no sentido estrito do protocolo” e aos democratas, media e “Estado profundo” – o aparelho de Estado que o quer afastar do cargo ao sabotá-lo, segundo Trump – por prejudicarem a “segurança nacional divulgando documentos confidenciais para obterem ganhos políticos”.
Nos últimos dias, a Casa Branca tem levado a cabo uma estratégia nos órgãos de comunicação social conservadores, entre os quais a Fox News, para descredibilizar o denunciante acusando-o de ser “politicamente parcial”, diz o Guardian.
A Presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, anunciou esta semana que os democratas vão avançar com o processo de destituição de Donald Trump. Os democratas detêm a maioria na câmara baixa do Congresso (235 contra 198 republicanos), mas os republicanos controlam o Senado (53 contra 45 democratas), o que faz com que a destituição seja bastante improvável.
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