Cartéis. Por Claudia Weinman

Imagem: Pixabay.

Por Claudia Weinman, para Desacato. info. 

Se antes os trabalhadores e trabalhadoras se agrupavam na garantia de solidariedade e ajuda mútua para venderem seus produtos, alinhados ao direito de renda mais justa possível e dignidade de produção, com o desenvolvimento acirrado do capitalismo e mais notadamente, durante a revolução industrial, a instituição de corporações e formação de cartéis fez com que o visionário lucro permanecesse à frente de qualquer ideia de cooperação e interdependência dos antigos grupos.

A restrição da oferta para quem consome o produto ou serviço é apenas um dos elementos contidos nessa organização monopolizada. No Extremo-oeste catarinense, por exemplo, seguindo vários casos de outros tantos estados brasileiros, nesta semana, foram denunciados proprietários/as de autoescolas que desde 2013 vinham combinando preços e engendrando a padronização dessa oferta. A multa aplicada é de quase 700 salários mínimos.

Porém, precisamos refletir sobre a seguinte questão. É corrupção? Sim. Mas vai além. Existe uma coisa chamada: direito humano à informação e aqui nos referimos não somente às informações de origem pública como corresponde em uma sociedade democrática. Quando um ser humano têm um direito não respeitado, de escolher onde fazer a sua formação como no caso das autoescolas, é mais um direito que está sendo negado e que vai afetar a sua vida, seja no acesso à esse serviço que pode não acontecer, por exemplo.

É preciso pensar que os cartéis estão também em outros espaços, a mídia hegemônica é um cartel. A mídia local, por exemplo, que inclusive, pouco repercutiu sobre o tema, pois os seus interesses estão em risco, é apenas uma raiz desse quebra-cabeça bem como esses que vão pagar essa multa e responder em regime aberto, trabalho comunitário, enfim. Mas os cartéis que definem a justiça em nosso país, a economia de modo geral e configuram parte da nossa vida são ainda mais perigosos.

Esses cartéis não são formados pela classe trabalhadora explorada. Não é o pedreiro, a artesã, a faxineira, a professora, o músico, a camponesa, o pequeno empresário. No Extremo-oeste a crítica levantada é de que esses grupos que estão sendo agora processados aparecem ou já foram vistos nas principais mobilizações com a pauta anticorrupção, “Fora Dilma”, “Intervenção Militar Já” e outras tantas e a crítica é legítima. Mas nacionalmente, pode-se sugerir onde estão? Quem sabe um desses “empresários de Deus” pudesse falar sobre o tema, ou o presidente, ou ainda, não sei, vale a reflexão.

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Claudia Weinman é jornalista, diretora regional da Cooperativa Comunicacional Sul no Extremo Oeste de Santa Catarina. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).

 

A opinião do autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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