A banda de punk rock feminista Pussy Riot fará um show no Brasil no dia 30 de janeiro, anunciado com um cartaz repleto de referências críticas à destruição ambiental, à repressão e o armamento, e à miséria social aprofundada pelo governo Bolsonaro.
No cartaz, é possível ver barris de óleo que fazem referência direta aos vazamentos no final de 2019 de pixe nas praias do litoral do Nordeste, muita fumaça, pesticidas e armas, retratando uma dura crítica ao governo Bolsonaro.
Uma gestão que aprofundou os interesses nefastos do agronegócio, que levou às imensas queimadas na Amazônia em meados do ano passado, e ao armamento, sobretudo no campo, contra as populações rurais e indígenas em áreas de interesse desse setor.
O show de Pussy Riot faz parte da programação do Festival Sem Censura que ocorrerá na capital paulista. A iniciativa denuncia os recentes ataques à cultura e aos artistas no Brasil, que vem desde censura à produções cinematográficas à recente demissão do Secretário da Cultura Ricardo Alvim e a possível admissão de Regina Duarte no seu lugar. Ambos retratam uma política ideológica de extrema-direita para a cultura, com o ex-secretário fazendo apologia direta à política nazista, inspirada no braço direito de Hitler, Joseph Goebbels, demitido apenas pela exposição que gerou ao governo, que nada alterou na sua política.
No Facebook oficial da banda, o pôster veio acompanhado de palavras de protesto: “Sobre esta cabeça feita e cheia de restos [lixo], as Pussy Riots cantam e dançam. Façamos aqui nossa revolta sobre esta cabeça monumento-destruição.”
“Somos agora Pussy Riots espalhados por todo o planeta e aqui no Brasil vamos cantar, dançar e nos revoltar como se estivéssemos sobre esta cabeça-busto-desgoverno-monumento-vazia de ideias. E façamos dela detritos!!!”
Não seria a primeira, nem a segunda vez que Bolsonaro é retratado criticamente em cartazes de shows intenacionais no país. Há que lembrar o cartaz da banda Dead Kennedys, retratando palhaços vestidos com a camiseta da seleção, típico dos protestos da direita em 2015 e dos atuais apoiadores do presidente. No cartaz, uma personagem diz: “Eu amo o cheiro de pobres mortos pela manhã!”
Ainda em 2018, o ex-vocalista da banda Pink Floyd, Roger Waters também bateu forte no avanço da extrema-direita no país e no mundo, fazendo homenagens à Marielle Franco e à mestre Moa do Katendê, assassinado por um eleitor bolsonarista após uma discussão política.