Pois é amigo…
Veja como ao contrário do que dizem o problema não está no espírito de porco que incorpora os homens de boa fé, mas sim na má fé dos porcos de espírito. Foi tornar estas cartas abertas e já sou amaldiçoado por judeus, cristãos e islâmicos.
E tudo só porque contei a história de Jeová para uns, Deus para outros e Alá para tres’outros. Sorte do Homero por não ter vivido nestes nossos tempos de deus único.
O Leonardo Boff é quem tem razão: nos tempos em que deuses representavam os elementos, ninguém era louco de poluir ou derrubar um deus sabendo que o castigo viria a cavalo. Cortasse a mata de Oxóssi aqui, Tupã já rugia dali e mais dia menos dia um aguaceiro de Manitu derrubaria a casa.
Depois que inventaram o tal Belzebu com seus infernais castigos pós-morte e jogaram toda a responsabilidade pra a ira de El, o deus do cosmos, é só bajular os representantes do Todo Poderoso que fez tudo só para os seus escolhidos e o resto que se lasque. Aí deu nessa bagunça: o petróleo é só dos sheiks sauditas, cristãos intolerantes se pegam entre católicos e protestantes enquanto sionistas trucidam crianças pela Palestina.
Só a Palestina?… No Torá e na Bíblia Deus fez o mundo só para eles e quem é dono do mundo não precisa de passaporte pra atravessar fronteira alguma. A bordo de um Mirage caça onde quiser. Até no Mali!
Mas a verdade é que não tenho nada contra deus algum nem mesmo os monoteicos. Vishnu, Olodum, Odin ou qual seja, cada um cumpriu com a função de força organizativa de sociedades em formação. Mitos necessários aos momentos das histórias de cada povo. Só lamento é que ainda hoje tantos ainda se deixem manipular por esses mitos utilizados por seus usurpadores.
Povos inteiros jogados de lá pra cá de em nome do Deus único, por aqueles que só têm fé num deus de duas faces: a do Poder e a do Capital.
Freud, Einstein e tantas outras das mais brilhantes cabeças entre o povo judeu logo avisaram que aquela história de Estado de Israel era pura enganação e que os tais sionistas tinham se vendido para os governos europeus expulsarem os judeus daquele continente. De fato! Vá ver se está em Jerusalém ou Telavive alguém das famílias dos que financiaram a instalação daquele estado e a manutenção do sionismo? Rothschilds, por exemplo? Todos espalhados nos mais confortáveis e seguros centros capitalistas do mundo, tendo como base a verdadeira pátria: a Alemanha.
Pois é… Os Rothschilds, um dos maiores financiadores da criação do Estado de Israel e mantenedores do sionismo, são judeus alemães.
“- Judeus alemães!” – te espantarás em tua perspicácia, logo questionando: “- Como então também nunca se registrou um Rothschild nos campos de extermínio nazista? Não estiveram em campos nazistas, não estão em Israel, e são judeu-alemães?”
Para entender esse aparente disparate precisamos antes rememorar algumas coisas que nos passam despercebidas na história. Uma delas é a de que judeu não é etnia nem nacionalidade. Antes que perguntes o que era, então, a Judéia, revíssemos:
Após a morte do Alexandre da Macedônia o Império Helênico foi subdividido e na Síria, hoje em conflitos financiados pelos interesses capitalistas do ocidente, se estabeleceu o Império Selêucida que foi de trezentos e pouco até 64 a. C.
Dali se controlou toda a banda oriental do império de Alexandre, até o Afeganistão, hoje invadido pelos Estados Unidos. Também naquela época, apesar de ainda não terem descoberto como extrair e utilizar o petróleo, esse quinhão do mundo era o mais cobiçado pelos mesmos motivos que quase dois milênios depois trouxeram Colombo até a América. Não o ópio da papoula afegã, mas o ouro e as especiarias que na escola estudávamos para entender porque raios Cabral se meteu Atlântico afora até descobrir o Brasil.
Pois enquanto o Imperador Seleuco administrava aquele lado do espólio de Alexandre, aí na Europa era um balaio de gatos medonho com aqueles saxões, vikings e gauleses sempre ameaçando as antigas colônias gregas já se formando em Império Romano. E nos Balcãs, península do sul da Turquia até a Grécia, o brigueiro entre as cidades-estado era enorme.
Mantendo o ideal de Alexandre, Seleuco continuou impondo a cultura helênica entre os povos dominados, demonstrando que não foram os Estados Unidos que inventaram esse mecanismo de domínio. Como então ainda não existiam os meios de imposição chamados de comunicação ou, se preferir, a mídia; os métodos eram outros, embora não menos contundentes. Houve reações entre os judeus do clã do velho patriarca Hasmon e os chamados hasmoneus foram para as montanhas onde formaram um grupo de guerrilheiros sob comando de Judas Macabeu.
Macabeu deu sorte porque os olhos dos selêucidas cresceram sobre os Balcãs e como os romanos perceberam que conquistando os Balcãs logo os selêucidas subjugariam toda a Europa, de lá vieram as centúrias. Com os selêucidas envolvidos em escaramuças com o exército romano, os guerrilheiros da Sierra Maestra hebraica, os hasmoneus, tomaram a Havana de lá: Jerusalém.
Ao invés de hospitais e escolas a primeira providência foi reconstituir o velho Templo para reconstituir a mitologia e a fé judaica através dos séculos praticamente extinta pelo helenismo. Reinstaurou-se o reinado sobre o povo hebreu e logo se deu as insídias e disputas pelo trono que tanto estimulavam a imaginação de William Shakespeare, resultando em guerra civil promovida por dois irmãos hasmoneus. Contenda fratricida pelo poder.
Um dos irmãos hasmoneus vendeu o povo e a pátria como se fosse qualquer tucano brasileiro, contentando-se com o cargo de sumo-sacerdote do judaísmo. Mas abdicou do trono porque sob o pretexto de pacificadores, seus aliados romanos transformaram aquilo tudo em província do Império no ano de 63 a.C. Em compensação deram à nova província o nome de Judéia. Ou seja, nunca houve um país chamado Judéia, nunca houve um povo chamado judeu. Judeu é quem professa a religião judaica e Judéia era uma província do Império Romano. Mas não de judeus nem hebreus.
Em 37 a. C. o imperador romano Marco Antonio reconstituiu o reinado judaico, só que entregou o trono a Herodes, filho de um procurador romano. Segundo Flávio Josefo, consagrado historiador judeu-romano da época, Herodes morreu em 4 ou 1 a. C e seu filho e sucessor, Herodes Arquelau, foi entronado pelos romanos em 4 d. C. Considerado incompetente pelo Imperador Augusto, Arquelau foi destituído 2 anos depois e em 6 d. C. substituído por seu irmão, também Herodes, mas Antipas.
Intrigante nessas anotações históricas de Flávio Josefo é que nenhum dos três Herodes estava no comando quando aquele do Novo Testamento mandou matar as criancinhas com receio da previsão do nascimento do novo rei dos judeus, o Cristo. Em verdade ninguém ocupava o trono no ano do nascimento, fosse 1 ou 0.
Mas, enfim, entre mito, lenda e história, vá se saber em quem acreditar?
Difícil, porque até mesmo a história tem de suas contradições e o próprio Josefo é uma confirmação, pois se judeu praticante nascido em Jerusalém e filho de sacerdote, mas naturalizado como cidadão romano, o próprio historiador evidencia que os judeus não emigraram para a Europa apenas no século I d. C. como posteriormente afirmaram alguns de seus colegas. Antes disso já tinha judeu na Europa e Josefo foi um deles, embora a Segunda Diáspora Judaica (a Primeira foi para a Babilônia) tenha ocorrido realmente em 136 quando na Província da Judéia, Roma proibiu a entrada dos judeus em Jerusalém. Foi quando preferiram dispersar pelo mundo ou, mais exatamente, pela Europa.
Pode parecer estranho isso dos judeus irem para o centro do Império que inviabilizou suas vidas na Palestina, mas o processo é similar ao de tantos latino-americanos que arriscam suas vidas atravessando o Muro da Vergonha erigido pelos Estados Unidos na fronteira com o México. E não se espante se amanhã ou depois substituírem o Tio Sam pelo Primo Pancho, porque cerca de 2 séculos depois o Imperador Constantino utilizou desse tipo de manobra pela continuidade do Império Romano, adotando uma nova seita religiosa de origem hebraica: o cristianismo.
Ainda que “O Édito de Constantino” sagrando-se a si mesmo como o primeiro Sumo Pontífice da Igreja Católica, ou o primeiro Papa, ocorresse em 321, nunca foi cristão coisa alguma. Tanto que um dia antes de sua morte realizou cultos e sacrifícios a Zeus, um mito grego. Instituiu o domingo como feriado, mas apesar da origem latina da palavra se referir ao “Dominicus die” ou o dia de Deus, para Constantino não era uma comemoração ao dia de descanso do criacionismo bíblico e da mitologia judaica, mas homenagem ao deus Sol Invicto, ao qual também adorava.
Constantino foi o primeiro Papa e verdadeiro fundador da Igreja Católica que nunca foi de Pedro, mas sempre tão romana quanto a Judéia.
Romana, apesar dessa Igreja e das demais igrejas cristãs professarem o mito judaico do Messias (que os judeus não aceitam como real e até hoje esperam pelo verdadeiro Messias), baseados em alguns relatos de autores judeus que nos evangelhos não escondem suas indisposições ao domínio do Império e apresentam os romanos como antagônicos e algozes a personagens judeus na condição de discípulos ou apóstolos, mas vítimas.
Aqui no Brasil ainda remanescem daqueles hipócritas dos tempos da ditadura que ao ouvir alguma crítica aos Estados Unidos acusam como coisa de comunista antipatriota, mas nos evangelhos os que se vendiam aos interesses romanos como um William Waack, conforme revelado pelo wikileaks, se vendeu à CIA, era logo taxado de traidor como aconteceu com o Judas Iscariotes. Nos evangelhos,traidores não tinham moleza não. Se não enforcados, teriam de vagar eternamente pelo mundo ou iam ao inferno. Só aqui é que continuam fazendo cara de bons moços para as câmeras.
Apesar disso tudo e de adotarem uma versão do Torá como o Velho Testamento da Bíblia, o que a Igreja Católica Romana fez através de mais um mito hebraico, foi satanizar os autores do mito. Da mesma forma que os patriarcas do judaísmo satanizaram Baal para transformar seu mitológico pai, El, em Deus único; a Igreja usou os judeus para satanizar os judeus. Mais ou menos como se a Veja publicasse trechos do Capital para convencer seus leitores de que os comunistas são traidores do Marx. Bem… De fato alguns depuseram muito contra os ideais do velho camarada, mas não no mesmo sentido do ódio que as igrejas cristãs conseguiram difundir contra os judeus por todo o mundo.
Desculpe amigo, se pareço fugir do propósito dessas cartas que ainda é o de chegarmos a alguma conclusão sobre a crise financeira mundial que aflige a ti e a Gabriela (que como feminino de Gabriel é uma enviada de El) aí na Madeira. Não fujo. É que para entendermos como os sistemas de usurpação se aperfeiçoaram para o que chamamos de Capitalismo, se faz preciso resgatar o histórico das instituições que o desenvolveram e a Igreja é uma delas, como todos os demais meios de sistêmica manipulação de mitologia religiosa. Sobretudo entre os difusores do monoteísmo que adicionou à usurpação pela força, o caráter de direito divino.
Prometo que nas próximas cartas avançaremos um pouco mais na cronologia histórica, embora ainda tenhamos de analisar a mais antiga usurpação da história da humanidade: a das mulheres pelos homens. Ainda que esteja presente entre todas as religiões patriarcais e profundamente nas monoteicas, talvez a usurpação dos ideais do profeta Maomé pelo islamismo seja o que melhor exemplifique esse processo hoje bastante manipulado pelo cristianismo ocidental aliado ao falso judaísmo dos sionistas.
Chegaremos lá.