A aceleração do aumento de casos confirmados e da taxa de ocupação de leitos de UTI dos municípios da região de Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu acenderam o sinal de alerta na população.
O quadro é extremamente grave. Como se não bastassem esses números, a quantidade de pessoas que aguardam resultados ou esperam para serem testadas demonstra que esse total de casos positivos é muito maior do que as prefeituras divulgam. ?
Além da falta de testes, agora enfrentamos também a falta dos insumos farmacêuticos necessários para realizar procedimentos de pessoas que precisam de internação em UTI.
Diante de um possível colapso no sistema de saúde que atingiria todas as cidades – pois a vida do povo está diretamente ligada entre esses municípios –, entendemos que já passou da hora de uma ação conjunta em defesa da vida. Se medidas rígidas não forem adotadas agora para frear a taxa de contaminação, viveremos dias difíceis e tristes. ?
Os defensores do “libera geral”, além da sua completa indiferença com a vida do povo, não compreendem que não existe retomada da economia com uma pandemia fora de controle.
A recusa dos prefeitos, do governador de Santa Catarina e do governo federal em assumirem suas responsabilidades empurra nosso povo para a uma triste escolha: morrer de Covid-19 ou de fome.
Não podemos aceitar esse jogo de empurra. Exigimos investimentos no serviço público e políticas de proteção do emprego e renda para os trabalhadores.
O governo do estado precisa garantir os insumos e os leitos hospitalares necessários para atender a demanda. Os prefeitos precisam adotar medidas de controle da taxa de contaminação com a retomada da política de bloqueio de atividades não essenciais, associadas à adoção de estratégias de diagnóstico, acompanhamento e tratamento efetivo dos casos e isolamento de grupos de risco. Isso deve ocorrer de maneira coordenada regionalmente, e não isolada em cada município.
A pandemia apresenta hoje características diferentes do seu início, migrando da classe média para as comunidades periféricas. Nós, trabalhadores do serviço público, conhecemos bem a realidade de exclusão social e a ausência de políticas públicas dos governos para esta parcela da população.
? Diante de tudo isso, secretários municipais de educação via Federação Catarinense de Municípios (Fecam) se articulam para o retorno das atividades nas escolas.
Não há como querer propor saídas de retorno às aulas presenciais em plena expansão da pandemia. Qualquer medida nesse sentido só pode prosperar quando for estabelecida uma condição de segurança sanitária plena, ou seja: com a queda sustentada do número de casos e com a adoção de protocolos realistas que levem em conta a realidade de precarização do ensino público brasileiro. E, infelizmente, ainda estamos longe desse cenário.
Quem os secretários querem enganar ao fazerem essa discussão agora? Como pensar num retorno às aulas com uma estrutura adequada, se antes da pandemia não havia essa estrutura? Como reforçar a higiene e a segurança sanitária em redes onde muitas vezes falta o básico? Como falar em distanciamento social quando as salas de aula já estão lotadas, às vezes com fila de espera?
Como motivar os profissionais para um “novo normal” se a realidade enquanto estão em teletrabalho é a falta de condições, a sobrecarga e a retirada de direitos?
? Nos dirigimos também às famílias das nossas crianças e estudantes que se manifestem conosco contra esse retorno.
O sucateamento do serviço público adotado pelos governos terá consequências. Nesses três meses de pandemia, nossa resistência e luta diária tem sido incessante para garantir o atendimento à população.
Lutamos por EPIs, pela ampliação de nossas equipes que se encontram reduzidas, por condições de trabalho e por valorização.
Estamos neste momento com direitos cortados (férias, décimo-terceiro, entre outros) e salários congelados, mas não abandonamos o nosso povo. Estamos na linha de frente. Estamos expostos, e nem o direito de receber insalubridade ao grau máximo nesta pandemia temos reconhecido pelos governos.
Este manifesto é um alerta a população e uma exigência aos governos e é assinado pelo conjunto dos sindicatos de trabalhadores municipais da região: Sintrasem (Florianópolis), Sintram-SJ (São José), Sitrampa (Palhoça), Sintramubi (Biguaçu) e Sintramaro (Sto. Amaro da Imperatriz).
? Pelo fechamento imediato de todas as atividades não essenciais até a diminuição da taxa de contágio na região!
? Testes para todos os trabalhadores! EPIs para todos!
? Pelo investimento nos serviços públicos, pelo chamamento de aprovados dos concursos em todas as áreas e pela manutenção dos empregos dos trabalhadores temporários!
? Pagamento de insalubridade em grau máximo na pandemia!
? Contra o retorno das escolas com a pandemia em expansão!