Carta aberta à Presidenta Dilma

Enzo Peri 2

À Excelentíssima Senhora Presidenta da República

DILMA ROUSSEFF,

Senhora Presidenta,

O general Enzo Peri comandante do Exército, acaba de afrontar os poderes civis da República, aos quais deve obediência. O general encaminhou a todas as unidades do Exército uma ordem ilegal, segundo a qual nenhuma delas deve fornecer informações requisitadas por órgãos como o Ministério Público Federal (MPF) ou outros interessados, cabendo exclusivamente ao gabinete do comandante decidir sobre as respostas.

Portanto, o general Enzo está zombando do ordenamento jurídico, que dá ao MPF a prerrogativa de investigar. Pior ainda, Presidenta Dilma.

O general Enzo está zombando dos brasileiros, incluindo a comandante em chefe das Forças Armadas, a Presidenta da República, que sancionou a lei que criou a Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Mas há um agravante nessa história, Presidenta Dilma. É que o general Enzo é reincidente.

Como Vossa Excelência deve recordar, ainda no governo Lula o general foi um dos pivôs de uma grave crise política, em 2009, ao acompanhar o ministro Nelson Jobim, da Defesa, num verdadeiro motim contra o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Jobim e os comandantes militares ameaçaram demitir-se caso o presidente não alterasse o PNDH-3, retirando dele modestos avanços democráticos relacionados à revogação da Lei da Anistia e à investigação dos crimes da Ditadura Militar. Infelizmente, o presidente Lula cedeu à chantagem e preferiu mutilar o PNDH-3.

Já no atual governo, mantido no cargo apesar da rebelião antidemocrática que encabeçou, o general Enzo mantém-se na linha da resistência ativa à CNV e às políticas de direitos humanos da Presidência da República. Deu suporte às seguidas negativas e embaraços criados aos pedidos de documentos feitos pela CNV às Forças Armadas.

Mais recentemente, em gesto que chocou a consciência democrática, ademais de humilhar os familiares das vítimas e os ex-presos políticos, o comandante do Exército passou da resistência dissimulada ao escárnio, ao endossar os debochados resultados da “sindicância” realizada a pedido da CNV a respeito das instalações militares que, sabidamente, notoriamente abrigaram aparatos de tortura e execução de presos políticos durante a Ditadura Militar.

Diante desses fatos, Presidenta Dilma Rousseff, só nos resta exortá-la a demitir o general Enzo Peri, para o bem da democracia e da sociedade brasileira.

Não é admissível que alguns generais continuem asfixiando a democracia brasileira. Não é razoável que chefes militares continuem zombando da luta por memória, verdade e justiça sem que sejam punidos. O que está em jogo é a democracia e o futuro do Brasil!

Presidenta Dilma, reafirme a soberania popular: demita o general Enzo.

Coletivo pela Educação, Memória e Justiça – RS

Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo (CDHPF)
Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos

Instituto de Estudos da Violência do Estado – IEVE

Grupo Tortura Nunca Mais Rio de Janeiro – GTNM/RJ

Movimento Nacional de Direitos Humanos no Rio Grande do Sul (MNDH-RS)

Movimento Reforma Já

Rede Social de Justiça e Direitos Humanos

 

 

Alvaro Okura

Amanda Brandão

Antonio Carlos Fon

Aton Fon Filho

Benardo Kucinski

Carlos Lichtsztejn

César Augusto Teles

Criméia Alice Schmidt de Almeida

Danilo Morcelli

Dr. Emilio Peluso Neder Meyer

Edson Luiz de Almeida Teles

Enrique Serra Padrós

Fernando José Maia da Silva

Helenalda Resende de Souza Nazareth

Jailson Tenório dos Reis

Janaína de Almeida Teles

João Carlos Schmidt de Almeida Grabois

Maria Amélia de Almeida Teles

Maria Carolina Bissoto

Marília Kayano

Nei Tejera Lisboa

Pádua Fernandes

Pedro Pomar

Raquel Britto

Renan Quinalha

Ricado Kobaiashi

Rosalina Santa Cruz

Suzana Keniger Lisbôa

Thais Barreto

Victória Lavínia Grabois Olímpio

Vivian Mendes

 

Na foto: General Enzo Peri

4 COMENTÁRIOS

  1. Viva aos heróis do passado. Parabéns meu Comandante. Desejo punição para os autores assassinos dos Soldados mortos na luta para atingirmos a democracia.

  2. Estamos solidários com o conteúdo do pedido da carta. Tanto no governo de Lula e Dilma temos visto as atitudes de rebaixamento e silencio dos seus governo perante esses fatos, o que é inadmissível.
    A demissão desse recalcitrante Gen. Enzo era para ser tomada na hora dos fatos.

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